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315 estórias

Monday, October 17, 2016

O Sete Escadas

O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol P.A. 2


No “Grupo de Futebol de Paço de Arcos” (GFPA) nunca existiu limite de idade, e os mais novos iniciam-se quando o tio Fininho autoriza, que o diga o filho do Toguinha, logo baptizado pelo proprietário do espaço com um nome nada apropriado para um rapazito à porta da adolescência, que o pai insiste em traze-lo equipado com as cores do Sporting, e que tem como referências o Ronaldo e o Figo. E o Espalha, sem qualquer tipo de sensibilidade futebolística zás, “Violeta”! Quem entra recebe logo uma alcunha, que o diga o Caramelo, que ainda tentou reagir, mas depressa se apercebeu da tarefa impossível, pois durante os noventa minutos foi bombardeado com “larga a bola Caramelo”, “passa a bola Caramelo”, “chuta Caramelo”, e outros miminhos paçoarcoenses. E nestes tempos de tecnologias, quem entra no whatsapp “Bola PA”, com administradores exclusivos, nunca mais de lá sai, mesmo que o tente, que diga o Velinho, que joga de longe, e já tentou fugir várias vezes, por estar à beira de uma expulsão colectiva para o “Lar dos Acólitos Anónimos”, pela mulher e pelos filhos, fartos de ouvir os toques das intervenções a entrarem em catadupa pela madrugada adentro. De cada vez que saiu houve uma manifestação pedindo o seu regresso. E como o administrador principal é um jogador sensível a causas sociais, pimba, pôs o número do velhinho de volta, e ainda ele não enchera a taça de meio gordo branco para comemorar o êxito da fuga, e já o telemóvel cantava de novo. E é uma “causa social” do Fininho que dá origem a esta estória!
A notícia correu depressa pelos quatro cantos do mundo, o Choné soubera em Istambul, onde se encontrava a recuperar de mais uma grave auto lesão, da derrota da equipa que o João Laranja, filho de um pioneiro, carregava sempre às costas. A tradição tinha sido quebrada, já se falava na “maldição do Fininho”. O laranjinha atribuía a derrota imprevista a um guarda redes que o administrador do whatsapp pusera na sua baliza. E atribuía-lhe o século XVIII como data de nascimento! O Miguel CG, que já se apercebera que também podia jogar de longe na rede, quis saber qual o nome do “novato”, uma vez que era o primeiro jogo que fazia.
- SETE ESCADAS, - esclareceu o Choné!
O século foi logo emendado, não era o XVIII mas sim o XVI. O tio Fininho mostrava, mais uma vez, ser um visionário na arte de jogar à bola, em duas semanas introduzira as novas tecnologias em campo, primeiro com o seu “replay” das jogadas, e agora com um jogador em “câmara lenta”. O Sete Escadas trouxe a justiça para o mundo do “Bola PA”, porque a partir de agora quem ficar com o laranjinha é obrigado a tê-lo na baliza, acabando-se de vez com o a tática do “carregador de jogo”. Aposto que para a próxima vez que o Fininho ousar participar na escolha da mão, que dá acesso à formação das equipas, não foge se não lhe sair a pedra, pois escolher o “brinca na areia” já não é sinal de vitória garantida!

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