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315 estórias

Wednesday, December 06, 2017

O Homem do Jogo


O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol P.A. 33


No Futebol P.A. os jogadores apercebem-se da rotundidade do corpo quando caem no chão e rebolam. Para nunca ter de rebolar em frente aos amigos o Fininho tomou medidas drásticas e tornou-se toxicoindependente: quatro drunfos diários, que lhe alteraram, para melhor, a performance, Colesterol, Triglicéridos, Diabetes e Hemorróidas! A prova final foi este domingo, dia três de dezembro do ano da Graça de Nosso Senhor, quando foi consagrado como “Homem do Jogo”. Defendeu tudo o que era possível, com os olhos abertos e fechados (Atorvastatina) de costas (Hemorroimed), de lado (Zocor), fora da baliza (Forxiga) e com isso liderou a sua equipa de coxos até à  vitória final. No final recebeu um telefonema anónimo de um antigo jogador a contratá-lo para ser a cara da nova empresa de propaganda médica: DICOX! Mas não se sabe se foram os comprimidos ou os vários patos que mamou no jantar organizado pelo Choné, e autorizado pelo Presidente do Futebol P.A., lá para os lados do Bairro Alto, os responsáveis pela sua prestação desportiva inabitual. Com a ausência do Carlos da Tapada que, por já estar multi - possuído (Frederico dos Jornais, Zé Taranta, Espanhol da Rampa, Terre-Tete, mãe da Anita Carapita Carapau Sardinha, Sanduga, Balatuca, Bizóito,  Baiona, Búzio, Bólinhas, Ánhuca, Barlatotas, Alvarinho, Labumba, Marques Capitão, James Bomba, Octanas, Piquinhas, Rabinho dos Bosques, Vítor Enfraquecido, Fritz Moca, Pedrinho Marítimo, Brigite, Calhéu,  Pitinha e Sapo) foi abandonado na noite lisboeta, e ainda anda à procura do Fininho num Tuck Tuck do Carlos Ponta, também ele um antigo jogador, a qualidade do jogo melhorou substancialmente, fazendo logicamente o expurgo de dados estatístico, ou seja, o Maninho Ensina não conta, não porque o ar da bomba não fosse desta vez oxigénio, e não o habitual monóxido de carbono, mas sim porque o Choné o obrigou a comer os restos da ave que trouxera do jantar de muitas comemorações. Devido ao repasto houve muitas baixas neste encontro de domingo, sinal de que o pessoal já não aguenta uma noite de copos seguida de uma manhã desportiva, mesmo com dois dias de intervalo. Longe vão os dias em que vinham diretos de Cascais para a praia de Carcavelos, deixando o areal todo riscado com as arrancadas e os chutos fenomenais, que deram ao Futebol P.A. o Presidente que ele merece, e o adjunto Choné, o único jogador “que tem uma abrangência intelectual que processa todas as abordagens” (sic).

Sunday, November 26, 2017

A Relíquia do Futebol




O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol P.A. 32


O mistério da ausência do Fininho nos últimos três jogos foi esclarecido no domingo passado com o seu regresso aos relvados do Lagoas Parque. Tinha estado a dar formação desportiva a um dissidente:
- Já estou farto do coxo do Conan Vargas, quero de novo adrenalina a correr-me pelas veias – confidenciara o Focas ao Fininho durante uma breve troca de mensagens clandestinas num intervalo do Incha Padel.
- Conta comigo, vieste falar com o atleta certo, vou sacrificar três domingos a ensinar-te a arte de dominar as bolas com os pés, - prometeu o Fininho. – Mexer nesse material com as mãos é padeleirice.
Com o agora Formador Fininho do Futebol PA veio também o estagiário, que esteve todo o tempo a tirar notas das prestações dos atletas. Mais tarde juntou-se a ele, para lhe dar apoio pedagógico, o mais coxo de todos os coxos, o Choné! Mas algo corria mal na formação. O Chico Paulo desde que trocara as chuteiras pelos ténis do Padel andava a marcar golos conscientes, em vez das tradicionais cabeçadas em situação de desmaio.
- Mas ele pensou no gesto que fez? – Inquiriu o formando Focas.
- Não é exemplo para ninguém, - explicou o Choné. – Anda a jogar com um equipamento inadequado ao Futebol PA, por isso todos os domingos marca golos.

Todos? Todos, não, neste domingo, vinte e seis de novembro do ano da graça de dois mil e dezassete, foi vítima de bolling por parte do Formador Fininho, que decretou mais uma regra enquanto o jogo decorria: “Mão Virtual”! Quando a equipa estava na eminência de sofrer mais um golo, uma vez que ele era a última esperança, eis que a bola lhe passa por cima do cocuruto, devido a cálculos mentais já afetados pela idade e, com as mãos nos bolsos, declara “mão”, a palavra mágica capaz de interromper uma jogada no Futebol P.A. O Chico Paulo, que já progredia a caminho da finalização, com os ténis padeleiros, e a deixar rasto no chão, sinal de que a Tenaleide estava solta, travou a fundo!  Mas a justiça desportiva foi logo de seguida reposta com uma cabeçada fabulosa do careca proprietário do “Noobai”, junto ao Adamastor.
- As entradas são de borla no jantar de quinta feira!
Este dia ficará para a História do Futebol P.A. como o lançamento da primeira pedra para um futuro museu da modalidade. O Fininho entregou ao clube as suas famosas meias com quarenta anos, que se assemelhavam já às de um forcado. Foi um gesto filantrópico do jogador de mais difícil cobrança! Mas houve mais! Pela primeira vez esteve presente um Psicólogo Desportivo, o Rato, responsável pela reintegração de antigas glórias que agora regressam de África à origem, como é o caso do Carlos da Tapada, que confundiu, durante parte do jogo, o Maninho Ensina com o Conan, não o Vargas, mas sim o bárbaro dos seus sonhos.
- Tirem-me deste lugar, o rapaz influencia-me negativamente!
Mas o Rato conseguiu produzir algumas abertas naquele cérebro cheio de buracos negros. Ficou a dúvida, se foi o psicólogo ou o efeito da falta de gás no filho do Choné, que ora vem com oxigénio ou com monóxido de carbono dentro da bomba, cujo enchimento é da responsabilidade do pai. A partir de meio do jogo o Maninho Ensina nunca mais passou pelo velho Carlos da Tapada.
Voltemos ao assunto principal, as meias quarentonas do Fininho! Foi sugerido um leilão, o Focas ofereceu cinco euros, e a reação do contabilista Peidão não se fez esperar:
- Esse é o preço no mercado livre para um jogo. O produto tem de render muito mais, tenho de recuperar para todos nós a dívida monstruosa do Fininho!
E havia razões para inflacionar aqueles trapos. Tinham com toda a certeza ADN do jogador, as novas gerações poderiam criar no futuro um clone deste Senhor do Futebol P.A., para que a qualidade da modalidade na vila de Paço de Arcos se mantivesse eternamente.


Wednesday, October 04, 2017

O esferovite


O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol P.A. 31

 
Ainda a época mal começara e já o Caveirinha estava a ser confrontado pelo administrador Peidão com as suas eternas dívidas ao Futebol P.A.:
- Tens de pagar as duas livranças que te faltam do campo dos Lombos. Depois passamos para os Maristas!
Respondeu de imediato:
- “Como chego sempre atrasado 15 minutos, que correspondem a 1,25 €, considerando 1 hora de jogo. Como o ano passado teve 52 domingos, estou credor de 65 €, o que quer dizer que só começo a pagar daqui a 17,33 domingos. Continuando a chegar atrasado como é óbvio.”
Mas como o gestor desportivo dos campos de futebol do Espalha já conhecia os jogadores melhor do que a palma das suas mãos, confrontou-o com o erro fatal:
- Fizeste as contas ao campo errado. O jogo irá decorrer no novo campo do teu mano, em Porto Salvo, local onde nunca deste um biqueiro. Domingo vens virgem para o relvado, por isso aconselho-te a trazeres um nota de 10 euros, pela primeira vez na tua vida, para o bem da tua carreira desportiva talvez este campo te dê o direito a teres um busto junto ao Patrão Lopes!
Mas o Peidão, além de bem gerir os bens desportivos do sobrinho preferido do tio Isaltino, também tinha olho para os jogadores, e por isso neste domingo eleitoral pressentiu que o Caveirinha se ia exceder. Aceitou os 10 euros e escolheu-o como coxo avançado da sua equipa!
- Ele anda a tomar medicação para a próstata, e já consegue escrever o nome numa parede com um jacto de mijo, em vez de pingar para as chuteiras como tu, - explicou ao Carlos da Tapada, o novo jogador que tinha vindo do Quénia, depois do Bill ter ido para Macau.
O Futebol P.A. tinha destas coisas, saia um, entrava logo outro equivalente! Um minuto depois do jogo ter começado, ainda com o Caveirinha a fazer estiramentos agarrado à baliza adversária, defendida pelo seu irmão sobrinho do Isaltino, eis que o Tarolinho faz um centro, acertando com a bola na cabeça do veterano, que entra com estrondo na baliza.
- Desculpe, tio!
Todos estavam estarrecidos, nem houve tempo para agradecer ao Milhas e ao Carcaça, pois o segundo golo entrou mal a bola foi reposta em jogo, desta vez por causa de um biqueiro, em forma de atraso, dado pelo queniano junto à baliza adversária no extremo oposto. E quem foi o marcador? De novo o indomável Caveirinha, que estava agora de costas para o lance, e marcou com a omoplata esquerda.
- Obrigado Milhas, - gritaram vários, olhando para o Carcaça, que já espumava da careca.
A estatística dizia que aquele que jogava como um “canalizador” (palavras do Caramelo num dos jogos de quinta feira durante uma troca de pontos de vista) perdia sempre, estavam por isso em presença de um futuro Milhas (a tal compensação de que se falou no início).
- Golo, obrigado Milhas, vê Caveirinha o que consegues fazer quando pagas, - disse o Peidão comemorando o terceiro, desta vez marcado com o estômago, e encandeado pelo sol. Três, o único pagador do jogo de Porto Salvo acabava de marcar o terceiro, e  só tinham passado cinco minutos de jogo. As teorias dividiam-se quanto à performance do Caveirinha, agora, e daqui para a frente, apelidado de Esferovite:
- Só pode ser doping, são os efeitos secundários do Reumaliv que o mano Preto lhe receita para a caspa.
- Eu penso que é do Lectrum, que toma para os calos.
- Para a tosse o doutor costuma receitar Donepezila!
Enquanto falavam o Esferovite enfiou o quarto, desta vez depois de ter tropeçado no Fininho e rodopiado, seguido de toque de calcanhar. E pelo caminho concretizou o quinto, com a orelha direita. O último, e sexto golo foi para humilhar o adversário, usou deliberadamente a próstata! Quanto ao Fininho, acabou por ganhar, pois passou para a equipa do Esferovite no último minuto.


Wednesday, September 13, 2017

Videofininho


O Comandante Guélas
Série Paço de Arcos
Futebol PA 30




O ano lectivo do Futebol P.A., actividade sem qualquer tipo de descontos para estudantes, reformados e deficientes (cognitivos, visuais, auditivos e motores), ou seja, todos pagam, teve início no dia 10 de setembro do Ano da Graça de dois mil e dezassete, com a ausência confirmada e aplaudida do Bill, mas cuja influência ainda todos temiam. O Brinca na Areia jogou sozinho e marcou tudo, por isso o Fininho ganhou 6 a 4, tendo uns dos golos entrado após um ressalto no Talisca. A outra equipa jogou coletivamente em estilo Bill. Mas houve novidades neste encontro semanal de domingo, o Choné para poupar nas quotas partiu o pé ao Taroulo, e por isso houve mais um jogador aplaudido por não vir estragar a modalidade. Mas para o Fininho, equipado com meias originais de 1977, foi uma oportunidade! Mandou o lesionado sentar-se junto à baliza adversária e comunicou a existência de um meio audiovisual, para ser consultado de cada vez que a sua equipa sofresse um golo:
- Mas daqui não vejo nada, - protestou o deficiente.
- Por isso anulas sempre!
O Chico Paulo enganou-se no campo, apareceu equipado com ténis do Incha Padel, por isso jogou todo o tempo com os pés a pensar que eram as mãos. No final confidenciou à revista “Fudel”:
- Com este tipo de calçado consegui melhorar o meu jogo interior, e sobretudo as transições rápidas, para não falar da eficácia no remate, que foi 100%, 3 remates, 3 golos de belo efeito.
Mas como neste tipo de entrevistas o contraditório vende mais, a palavra final coube ao dono da revista, o empresário Espalha:
- As imagens recolhidas por fontes anónimas do Videofininho mostram 3 ressaltos, dois deles a baterem no Fininho, nas chuteiras do Tarolinho e nas costas do cuzinho.
O Carlos da Tapada apareceu, após um estágio no Quénia a jogar com elefantes, tendo jogado mais tempo fora do campo, e a única vez que conseguiu impressionar estava com uma muleta. Nunca conseguiu acompanhar a velocidade estonteante da bola, fazendo lembrar o saudoso caixa de óculos, Mac Macléu Ferreira, que esperava que a bola passasse para ir atrás dela. O Carcaça mostrou já estar completamente integrado na modalidade, ao gritar com o padeleiro:
- Chuta Chico Paulo!
Em substituição do Taroulo, o Choné enviou o Tarolinho, mais pequeno, e por isso mais barato, equipado com chuteiras 35, gamadas a um refugiado turco, um presente na festa de finalistas do 4º ano.

Friday, July 28, 2017

Palitos e Anafados






O Comandante Guélas

Série ISEF 5  

A organização do almoço anual da Turma 2 do curso de 1981 do Instituto Superior de Educação Física de Lisboa foi desta vez da responsabilidade do Xarepe, por isso trouxe à memória deste humilde cronista aquele mês de junho de 1983 em que o algarvio lhe colocou o nariz à banda, e o obrigou a ir endireitar a penca para um bloco operatório lá para os lados do Lumiar, e tudo porque o jogador se recusara, por uma questão ética, a fazer um ensaio no jogo de rugby sem passar por cima do adversário, que se escondera atrás dum poste, depois de o ver a dizimar os colegas desde o meio campo. A farra iniciou-se com o som metálico da Vespa do stor Jaques a derrapar na areia do parque de estacionamento do restaurante, não porque tivesse carregado a fundo no travão, mas porque a chapa vinha colada ao chão devido ao excesso de massa muscular do Fotocopiador do Jamor, o equivalente nacional do Schwarzenegger. Enquanto este exterminava os maus, aquele arrasava com os tinteiros e as resmas do patrão durante as longas madrugadas. Mas este repasto fica marcado pelo peso emocional das ausências de dois monstros do pino e da cambalhota, tendo este último exercício como representante máximo da Turma 2 o stor Sérgio, que fazia enrolamentos rígidos, que davam sempre a impressão de ter um espartilho, e tudo isto a uma distância analítica do colchão: o reformado Pedreta e o cobridor Parrilha! O primeiro justificou a falta por estar ao serviço da selecção de Dominó e Milho aos Pombos do clube recreativo “Mata Velhos” de Palmela.
- Sou bom no “Pão às Gaivotas”, mas na nossa terra ainda não existe essa modalidade geriátrica, - justificou-se o Corista, colega de reforma e presente no repasto, que também confidenciou que costumavam falar do tempo em que trabalhavam.
O segundo pela inesperada visita das duas suecas dos tempos do ISEF, agora reformadas, e decididas a pagarem-lhe a gasolina que tinham deixado em dívida. Mesmo assim confidenciou que a cara dele está espalhada pelos quatro cantos do concelho, esperando com isso conquistar os paços, para assim poder organizar um repasto condigno da Turma 2, contrariando o sempre presente vereador Anselmo que nem uns pastéis de bacalhau foi capaz de dispensar quando foi dono e senhor do Montijo.
- Sentimos a falta daquele charme especial que só um judoca dançarino de excepção sabe transmitir, - confidenciou a professora Cucharra, dando uma festinha marota no marido.
- Os saltos dele nas aulas de dança faziam-me lembrar sempre uma hipérbole, que me causava muitos calores, - retorquiu a stora Paula.
- Ele tem imensas possibilidades e sempre foi capaz de fazer os mais incríveis “pliés”. – reforçou a Beta, ao mesmo tempo que tentava tirar a tinta laranja do cabelo, sinal de uma noitada a colar cartazes do PSD.
- O Parrilha também devia ter dado um sensual técnico oficial de contas, - explicou a Guida, que há muito tinha trocado o fato de treino pelo fascínio das operações matemáticas.
O encontro deu para sentir os diferentes efeitos da crise nos profissionais do pino e da cambalhota: uns aumentaram de volume, outros diminuíram drasticamente! O Jaques também confidenciou que tinha saudades das suas meninas, as fotocopiadoras e a Glorinha, sempre vestidas de púrpura e escarlate. E o parque automóvel também fez a diferença, o Chico estacionou o veleiro em Vila Moura, e exigiu ser tratado por Comodoro, e o Jaques a já mencionada Vespa à porta do restaurante. O Alentejano trouxe a cara metade, comeu por três e fez o discurso de encerramento, confidenciando que iria ser a partir do próximo ano lectivo o “alentejano de Olhão”. Foi um almoço de conversa mole, em que dominou a entrega ao próximo.

Sunday, July 02, 2017

Por qué no te calas?

O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol .A. 29

No último domingo oficial o Preto estava destinado a perder porque conseguiu a proeza de escolher dois Chonés, o Tarolo e o Tarolinho! Sim, o pai enviara o quarto e último Neves, aproveitando o tradicional desconto do último jogo da temporada. E a tensão entre os perdedores foi tão grande que, mais uma vez, houve uma altercação entre o Caramelo e o Taroulo, quando este lhe passou a bola e o companheiro não a apanhou:
- Mexe-te caralho, - gritou o irmão do Tarolinho..
O Chico Paulo, regressado dum estágio de Padel na Brandoa, explicou de seguida ao filho do Choné a incongruência da opinião:
- Devias ter dito ao contrário – e pôs-lhe a mão no ombro! - Gritavas para o Caramelo “mexe-te Caralho”, ele desmarcava-se, e tu assim passavas-lhe convenientemente a bola. 
Na estatística pudemos ver que o Pai do Clark Kent, o único que persegue inversamente o Ronaldo em títulos, estabeleceu um novo recorde, este domingo conseguiu dar, durante os 70 minutos, 10 passos para trás, e 10 para o lado:
- Terá ele percebido que estávamos a jogar futebol? – Perguntou o Fininho no Whatsapp.
- Nop, - respondeu o Espalha.
- Deve ser das pancadas que leva na cabeça no Karaté!
E deveria ser, porque no final do jogo tornou a fazer a mesma pergunta que nunca deveria ser feita aos membros do Futebol P.A., dizia a estatística com 40 anos:
- Para a semana alguém quer jogar? Arranjamos outro campo!
Todos puseram os braços no ar, mais uma vez ia-se tentar jogar em Julho, e se se conseguisse seria batido mais um recorde. O campo era o de reserva, também do Espalha, mas a tradição manteve-se, estavam oito jogadores para um campo de vinte, todos à sombra de uma árvore como as ovelhas. O Choné era um deles, mas vinha avisar que as suas crias afinal não podiam estar presentes, como prometera no Whatsapp, tinham bebido Champomy em excesso na noite anterior, e estavam em ressaca.
- Mais uma razão para os trazeres, talvez conseguissem jogar finalmente à bola, - disse o mister Fininho.
Não houve jogo, por isso conversou-se. Todos ficaram a saber, ao fim de quase meio século desportivo, que o dono dos espaços desportivos onde os atletas do Futebol P.A. mostravam a sua magia, se dedicava a observar a passarada nos momentos livres. E falou-se também da possibilidade do campo do Lagoas, um espaço já com um peso cultural e por isso protegido pela Lei de usucapião, ser transformada em campos de Padel.
- O quê, aquela malta esquisita de que vocês falam, o Cociolo, o Conan Vargas, o Big Mac, o Choné, no Lagoas Parque? – Perguntou o Laranja, fazendo alongamentos encostado a uma árvore.
O Incha Padel iria trazer para aquele espaço requintado a aflição, o anti-desporto, mesmo já tendo no seu ceio um Chico Marinheiro, o Tacho, que abandonara um jogo, furioso com o seu próprio desempenho, e com a qualidade do Big Mac, um atleta federado da Associação Padeleira da Brandoa; e têm também um Milhas, o Cociolo, o guru do Conan Vargas, uma espécie de Choné.
- Não passarão, - prometeu o Espalha.
O único que ganhou com este primeiro domingo de julho foi o Peidão, que saiu com a bolsa da dízima carregada de euros, e a prometer repetir a proeza para o próximo ano!