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315 estórias

Monday, July 13, 2015

"Operação Infante"



O Comandante Guélas
Série ISEF

 No dia doze de julho do Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de dois mil e quinze decorreu mais um encontro cultural/gastronómico da turma dois que albergou nos anos oitenta do século passado, durante cinco longos anos, junto à movimentada ribeira do Jamor, os rebentos da elite do Instituto Superior de Educação Física de Lisboa, colegas do ovelha negra o Mourinho do Chelsea. Assim, o Casa Blanca Beach abriu as portas para receber os betinhos da Cruz Quebrada, tendo o encontro revelado novidades, que seriam probabilidades improváveis na Estatística do século passado, ministrada pela desaparafusada Luísa Barreiros: o Jacks Cabeludo concluiu o curso e o Quim do Pénis…perdão, Ténis, reformou-se, indo fazer companhia ao veterano Pedreta, que quando questionado acerca do número de anos que trabalhara, já não se lembrava, tendo ambos agora atividades caraterísticas do estatuto, caminhadas matinais em Palmela, alimentação dos gatos vadios em Setúbal e distribuição de milho aos pombos da Arrábida. E os restantes que continuem a descontar para as suas pensões! Descobriu-se que por detrás da condição destes dois ex-(in)do(e)centes estava um facilitador, com ramificações à política, também morador na zona, de nome Anselmo, talvez com conta na Suíça como o 44, que confessou em voz alta, com a arrogância típica dos poderosos:
- “A vida inteira tive asma, e quando mudei de leite passei a respirar como um tubarão”.
Era a prova final de que naquela mesa encontrava-se sentado um elemento do gangue televisivo 'Shark Tank', e a diferença estava no prato, todos com Tainhas de Esgoto, ele com um Robalo das Ilhas do Seixal! Daí a colega Fátima, uma stora remediada, tal como a sua colega Amélia, que só têm dinheiro para passar férias na ilha de Santorini, ter necessitado de óculos para conseguir distinguir o lombo da Mugil cephalu, e não engolir uma espinha mais atrevida, que a poderia colocar no gangue do Pedreta, o “Primeiro”! À medida que a conversa desenvolvia, foram detetados dois contrabandistas, um de Beja, traficante de “Lúcio Perca”, com sandálias de reformado, sinal inequívoco da iminente mudança de estatuto, e outro das Caldas, com a exclusividade na “Amêijoa Vietnamita”, com indícios de ter um testa de ferro, o já mencionado “Facilitador”, que deixou escapar ter por hábito nadar diariamente 1,5 Km em crawl, sabendo todos que sempre tivera alergia ao cloro e o estilo dominante ser o “prego”, como se provara quando mergulhou no oceano da praia do Infante. Tinha sim uma piscina, mas para guardar o produto do Parrilha, que confessou continuar com uma “memória de elefante”, onde guardava a sete chaves a cor das cuecas da Glórinha do refeitório do ISEF dos anos oitenta, e da D. Blondina. Mas o polvo, não o da refeição, que não havia, continuou a revelar-se, quando o arrogante “Facilitador” confessou que estivera perto de acumular mais um tacho, desta vez na Federação de Triatlo, uma cortesia do seu colega Manuel. Todos se aperceberam então que as probabilidades do próximo almoço ser em Évora tinham aumentado exponencialmente! A Beta e o Beto despediram-se dos presentes, viviam agora longe da civilização, no Portugal profundo, e do Jacks, o mais cabeludo do curso, não permitiu, no final do convívio, que os colegas fizessem um “despedimento” à maneira, tendo preferido ir fazer a digestão para as águas frias da praia do Infante. Apareceu também a professora doutora Cucharra, acompanhada da tribo, recebida com carinho pela Helena, a única que parecia ainda ter os carretos no lugar. O Parrilha ainda conseguiu impressionar as fêmeas, mostrando uma fotografia do seu trator, um bicho com muitos cavalos, “capaz de lavrar todo o tipo de terrenos”, que fizera as delícias da Guida da dança, quando ele a ameaçou levar no seu Mercedes para Monsanto, após o chumbo que ousara dar-lhe na Dança, local onde iria pagar toda a gasolina. Presentes também, o Chico, novamente de mota, sinal de que perdera as memórias das quedas anteriores, o Manecas, o Bezerra, ambos com um discurso já um pouco duvidoso.

Assinado, Miguel, treinador dos “Tubarões do Seixo”, a mítica equipa da Venteira cujo “i” cai à entrada do clube!