O Comandante Guélas
Série Paço de Arcos
Futebol P.A. 22
Neste domingo,
véspera do dia do trabalhador, a ausência do Fininho reflectiu-se de imediato,
não na bolsa do Peidão, de quem ele foge como o Diabo da Cruz, mas nos níveis
de Coenzima Q10 dos jogadores, que baixaram drasticamente, tendo por isso tido implicações
no fluir da partida, que tomou um rumo inesperado, com alterações
comportamentais evidentes:
- O Caruncho
parece uma salsicha andante, - protestou o Taroulo, um jogador anarquista da categoria
dos presuntos, com tendência para a despersonalização,
após a sua equipa ter sofrido o terceiro golo consecutivo.
Esta era uma das novidades, o Caruncho voltava
aos relvados, saíra zangado com o mito desportivo da vila, e ficou mais
contente quando soube que ele não iria estar presente. Aproveitara a ausência
dos pais no Algarve para gastar o dinheiro, que o Graise lhe deixara para o
Mac, no vício, porque o Futebol P.A. já faz parte da cultura paçoarcoense, são
40 anos e muitas gerações com incapacidade para discutir com civilidade. Por
isso de tempos a tempos o Choné aparece no campo, como uma espécie de Papão,
para que as novas gerações o vejam e decidam jogar à bola. A outra novidade foi
a presença de um refugiado, um jovem pediu asilo ao Futebol P.A., fugia do pai
que o queria levar para o Incha Padel, a “modalidade dos velhos”, e por isso
foi aceite como o primeiro “refugiado desportivo”. O Futebol P.A. aprofundava
assim a sua veia humanitária e definia como objectivo contratar o Guterres para
uma das balizas.
- O meu nome é
Micro Mac, - disse o candidato a asilo desportivo.
Quando o jogo já
estava balanceado para a vitória da equipa escolhida pelo Cabeça de Ananás, o
Carcaça desfez as dúvidas, marcou um golo fabuloso e gritou com um estado de
alma atmosférico com um sentimento carnal:
- É para ti
Fininho! – Limpando as lágrimas com os cotovelos.
Por
isso fica evidente nesta breve estória que o Tio Mino ganha sempre, mesmo não
jogando!
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