O Comandante Guélas
Série Paço de Arcos
Futebol P.A. 25
O Futebol P.A.
está para Paço de Arcos, como a Cova da Iria para Fátima: tem um apelo
especial! A estória deste domingo solarengo tem o seu início na zona dos bancos
para os atletas, e o protagonista é um dos jogadores com a mais baixa
maleabilidade mental, o lendário Milhas:
- Que é feito do
Fininho, faltou aos dois últimos jogos? – Perguntou ao contabilista Peidão, que
acabara de receber uma dívida assinalável da família Laranja, e confessava que
já não tinha espaço em casa para guardar tantas malas recheadas, estando por
isso à espera que o sobrinho da Uber lhe desse o contacto do seu primo na Suíça,
agora que o tio de todos renascera.
A preocupação
seria sincera, ou uma estratégia para saber se iria ter mais um domingo
agradável? A chegada do Tio Mino do Incha Padel deu-lhe a resposta! Mas este
dia fica também assinalado pelo regresso de mais um membro da família Choné, o
Morgado, o único que foi autorizado a entrar na Austrália e fazer um estágio
especial com cangurus. Confidenciou-nos que descobrira que o pai era o único
atleta do Futebol PA da família que já não jogava, mas continuava a dopar-se, e
que iria continuar ligado à modalidade, mas agora na venda de cachecóis e
couratos. E o Morgado apresentou-se em campo só com uma chuteira, oferecida
pelo pai e pertencente ao Taroulo, quando tinha doze anos. O pai do Clarke Kent
foi o jogador deste domingo, levou para casa um “'hat-trick”, fruto de várias convulsões
inesperadas à boca da baliza adversária. Mas o filho, na ânsia de
despachar a bola, e não dominá-la, como é costume, deu um potente biqueiro e
quase que liquidou o Fininho, seu companheiro de equipa, acertando-lhe em cheio
no coco. O jogador caiu no solo a ouvir o Carrilhão de Mafra a tocar o “adieu
adieu aufiderzin goodbye”, viu passar o Craveiro Lopes a puxar um carrinho com
o material que ia vender para a porta do mercado da vila, com uma tabuleta
escrita pelos seus vizinhos a dizer, não o seu nome, mas “caralho”, que lhe
gritou, “levanta-te rapaz, ainda irás marcar muitos golos”, seguido de uma nova
carrilhada, que desta vez trouxe o hino rejuvenescedor:
"É
motorista
e o
preto preto branco
Precausa
da criação
Precausa
da sua direita
comigo
é uma canção
Eu
vou pelas estradas,
estradas
de corrimão.
Estava
lá o Charlot
a cantar a nova canção
Mas
qui tudo, mas qui tudo
Mas
qui tudo da criação
estava
lá o Charlot
com 2 franguinhos na mão!
É
Motorista
E o
preto, preto banco
Precausa
da criação
Precausa
da sua direita
Comigo
é uma canção
Eu
vou pelas estradas
Estradas
de corrimão
Estava
lá o Charlot
Com
dois franguinhos na mão
Mas
qui tudo, mas qui tudo
Mas
qui tudo da criação
Estava
lá o Charlot
A
cantar a nova canção
É
Motorista
E o
preto, preto branco
Precausa
da criação
Pré
causa da sua direita
Comigo
é uma canção
O último acto
foi a saída intempestiva do Tio Kiki, que abandonou o jogo alegando que ninguém
lhe passava a bola, mostrando assim a sua ignorância futebolística, porque num
jogo de 13 contra 13, num campo de 9, o jogador não pode esperar que lhe passem
a bola, mas sim fazer pela vida, roubá-la, tanto a um adversário como a um
colega, para assim conseguir jogar.
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