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315 estórias

Tuesday, March 28, 2017

As Bolas do Bill


O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol P.A. 19



Até o Chico Papa, adepto ferveroso do Futebol P.A., e vigário, não resiste a falar do Bill nas homilias em Roma:
- “Perde o sentido de direcção e não é mais capaz de olhar em frente, sofre um retrocesso”!
Confidenciou que gostaria de canonizar alguém em Paço de Arcos, já que a vila assistiu a várias ressuscitações do Choné para a modalidade rainha, aguardando com grande expectativa a seguinte, após a expulsão do Tio Mino, um conhecido inquietador de almas, acusado de vários desmandos:
- “Estás passado da cabeça escrever assim na QLombos? Todos sabemos que passas a vida a mandar os teus amigos para baixo, mas assim já não tem piada, muito menos para quem te acompanhou nos primeiros passos do Padel. Por estas e por outras vamos deixando uns para trás!”
A modéstia deste arquitecto de Cascais, expulso do concelho pela Câmara de Oeiras, revelou-se incompatível com a dúvida metódica lançada pelo Tio Mino no whatsapp sénior da Quinta dos Lombos, através do telemóvel de outro atleta:
- Acham imaginável uma pessoa dobrada pelos fardos espirituais, de tórax estreito e contraído, com a cabeça enfeitada e com um temperamento patológico incurável, ser jogador de Padel?
A pergunta era pertinente, a maior parte das reformadas, a quem chamava russas, deixou cair as dentaduras de tanto rir, e o grupo preparou-se para entrar numa fase de introspecção. O Incha Padel já era alvo da curiosidade do National Geographic, o Espalha acabara de assinar um acordo entre os cientistas e a câmara para a construção de uns campos da modalidade, para assim atrair os nativos desta tribo, e com isso divertir a comunidade científica. Havia um jogador que se julgava o alfa da matilha, o guru do Incha, mas era necessário construir um parque de estacionamento para o atrair. E quando os ânimos pareciam ter serenado, o Big Mac confidenciou que no passado já jogara à bola lá para os lados de Sintra, e que estava tentado a calçar de novo as chuteiras, para assim melhorar a saúde funcional, que piorava de cada vez que jogava com o Conan, pedindo para arbitrar umas partidas sob a orientação do Choné. Voltemos ao desporto rei! Foi um jogo que se desenrolou sob condições meteorológicas adversas, só equivalente àquele memorável jogo nos Maristas onde a pluviosidade foi tanta que era preciso nadar para conseguir marcar golos, e onde no final o capitão Porão se viu rodeado, debaixo de um telheiro, por uma resma de tenrinhos em cuecas, tendo-se ajoelhado, não para apanhar o sabonete, mas para agradecer o milagre à virgem, mesmo sendo ateu, e tudo graças a Deus. O Chico Papa aguarda assim mais dois milagres, depois do golo do Bill na baliza adversária no anterior, e neste domingo chuvoso assistimos a uma transformação, o Chico Paulo foi iluminado pelo Espírito Santo e transformou-se em Chico Cristiano, estreando-se com um novo gesto técnico, o biqueiro canhão! Em Paço de Arcos já são assim dois os pastorinhos, não de ovelhas, mas da bola, só falta mais um para Roma nos abençoar desportivamente! Mas há muito tempo que não havia tantas queixas, até o ato legal de agarrar a bola foi questionado, e isto influenciou o resultado, que ainda está indeterminado e a estória já vai a meio. Poderia um jogador repor a bola em jogo à entrada da pequena área da baliza adversária, com o guarda redes distraído, em vez de ser na linha lateral direita a meio do campo, local da falta? O jornalista Bill disse que sim! Foi quando o jogo terminou, não por causa da visibilidade reduzida como era tradição nos Maristas, mas porque o Chico Cristiano amuou e fugiu.
- Saí porque começou a chover, - explicou mais tarde à comunicação social.
Desta vez o Ulki rematou de encontro à bochecha esquerda do Zé Miguel, filho do Peidão que marcou um soberbo golo de cabeça com o cocuruto e os olhos fechados, que, por breves instantes, ausentou-se do campo, e conseguiu ver a cara do vizinho que ateara fogo à barraca, em Vila Fria, do Craveiro Lopes, nascido em 1918 em Requeixo, Aveiro, e da Quitéria Barbuda, nascida em Paço de Arcos em 1924, que os obrigou a fugir para a vila de Paço de Arcos, e aí tornarem-se figuras públicas à força. Para uns o resultado foi de 5 – 4, a equipa do Peidão cilindrou a do pai do Baloteli, para outros foi um empate, caso a reposição da bola aos pés do Espalha, o Casilhas paçoarcoense, seja considerada válida pelo Conselho de Disciplina, dirigido pelo Fininho, que em formato Tio Mino apresenta “incompetências sociais graves em ambientes chiques” segundo o sobrinho da Uber do Isaltino. No final do jogo assistiu-se a algo que definiu o resultado da partida, 5 - 4, comportamento importado da modalidade da Quinta dos Lombos, com parque de estacionamento: o Bill baixou as calças, e o exibicionismo atingiu o ponto de caramelo quando todos se aperceberam que cada esférico do jornalista tinha uma cor única!






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