O Comandante Guélas
Série Paço de Arcos
Futebol P.A. 32
O mistério da ausência do Fininho nos
últimos três jogos foi esclarecido no domingo passado com o seu regresso aos
relvados do Lagoas Parque. Tinha estado a dar formação desportiva a um
dissidente:
- Já estou farto do coxo do Conan
Vargas, quero de novo adrenalina a correr-me pelas veias – confidenciara o
Focas ao Fininho durante uma breve troca de mensagens clandestinas num
intervalo do Incha Padel.
- Conta comigo, vieste falar com o
atleta certo, vou sacrificar três domingos a ensinar-te a arte de dominar as
bolas com os pés, - prometeu o Fininho. – Mexer nesse material com as mãos é
padeleirice.
Com o agora Formador Fininho do
Futebol PA veio também o estagiário, que esteve todo o tempo a tirar notas das
prestações dos atletas. Mais tarde juntou-se a ele, para lhe dar apoio
pedagógico, o mais coxo de todos os coxos, o Choné! Mas algo corria mal na
formação. O Chico Paulo desde que trocara as chuteiras pelos ténis do Padel
andava a marcar golos conscientes, em vez das tradicionais cabeçadas em
situação de desmaio.
- Mas ele pensou no gesto que fez? –
Inquiriu o formando Focas.
- Não é exemplo para ninguém, - explicou
o Choné. – Anda a jogar com um equipamento inadequado ao Futebol PA, por isso
todos os domingos marca golos.
Todos? Todos, não, neste domingo, vinte e seis
de novembro do ano da graça de dois mil e dezassete, foi vítima de bolling por
parte do Formador Fininho, que decretou mais uma regra enquanto o jogo decorria:
“Mão Virtual”! Quando a equipa estava na eminência de sofrer mais um golo,
uma vez que ele era a última esperança, eis que a bola lhe passa por cima do
cocuruto, devido a cálculos mentais já afetados pela idade e, com as mãos nos
bolsos, declara “mão”, a palavra mágica capaz de interromper uma jogada no
Futebol P.A. O Chico Paulo, que já progredia a caminho da finalização, com os
ténis padeleiros, e a deixar rasto no chão, sinal de que a Tenaleide estava solta, travou a fundo! Mas a justiça desportiva foi logo
de seguida reposta com uma cabeçada fabulosa do careca proprietário do “Noobai”,
junto ao Adamastor.
- As entradas são de borla no jantar de quinta feira!
Este dia ficará para a História
do Futebol P.A. como o lançamento da primeira pedra para um futuro museu da
modalidade. O Fininho entregou ao clube as suas famosas meias com quarenta
anos, que se assemelhavam já às de um forcado. Foi um gesto filantrópico do
jogador de mais difícil cobrança! Mas houve mais! Pela primeira vez esteve
presente um Psicólogo Desportivo, o Rato, responsável pela reintegração de
antigas glórias que agora regressam de África à origem, como é o caso do Carlos da
Tapada, que confundiu, durante parte do jogo, o Maninho Ensina com o Conan, não
o Vargas, mas sim o bárbaro dos seus sonhos.
- Tirem-me deste lugar, o rapaz influencia-me negativamente!
Mas o Rato conseguiu produzir algumas
abertas naquele cérebro cheio de buracos negros. Ficou a dúvida, se foi o psicólogo
ou o efeito da falta de gás no filho do Choné, que ora vem com oxigénio ou com monóxido
de carbono dentro da bomba, cujo enchimento é da responsabilidade do pai. A partir de meio do jogo o Maninho Ensina nunca mais
passou pelo velho Carlos da Tapada.
Voltemos ao assunto principal, as meias
quarentonas do Fininho! Foi sugerido um leilão, o Focas ofereceu cinco euros, e
a reação do contabilista Peidão não se fez esperar:
- Esse é o preço no mercado livre para
um jogo. O produto tem de render muito mais, tenho de recuperar para todos nós a
dívida monstruosa do Fininho!
E havia razões para inflacionar aqueles
trapos. Tinham com toda a certeza ADN do jogador, as novas gerações poderiam criar
no futuro um clone deste Senhor do Futebol P.A., para que a qualidade da modalidade na vila de Paço de Arcos se mantivesse eternamente.
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