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315 estórias

Friday, July 28, 2017

Palitos e Anafados






O Comandante Guélas

Série ISEF 5  

A organização do almoço anual da Turma 2 do curso de 1981 do Instituto Superior de Educação Física de Lisboa foi desta vez da responsabilidade do Xarepe, por isso trouxe à memória deste humilde cronista aquele mês de junho de 1983 em que o algarvio lhe colocou o nariz à banda, e o obrigou a ir endireitar a penca para um bloco operatório lá para os lados do Lumiar, e tudo porque o jogador se recusara, por uma questão ética, a fazer um ensaio no jogo de rugby sem passar por cima do adversário, que se escondera atrás dum poste, depois de o ver a dizimar os colegas desde o meio campo. A farra iniciou-se com o som metálico da Vespa do stor Jaques a derrapar na areia do parque de estacionamento do restaurante, não porque tivesse carregado a fundo no travão, mas porque a chapa vinha colada ao chão devido ao excesso de massa muscular do Fotocopiador do Jamor, o equivalente nacional do Schwarzenegger. Enquanto este exterminava os maus, aquele arrasava com os tinteiros e as resmas do patrão durante as longas madrugadas. Mas este repasto fica marcado pelo peso emocional das ausências de dois monstros do pino e da cambalhota, tendo este último exercício como representante máximo da Turma 2 o stor Sérgio, que fazia enrolamentos rígidos, que davam sempre a impressão de ter um espartilho, e tudo isto a uma distância analítica do colchão: o reformado Pedreta e o cobridor Parrilha! O primeiro justificou a falta por estar ao serviço da selecção de Dominó e Milho aos Pombos do clube recreativo “Mata Velhos” de Palmela.
- Sou bom no “Pão às Gaivotas”, mas na nossa terra ainda não existe essa modalidade geriátrica, - justificou-se o Corista, colega de reforma e presente no repasto, que também confidenciou que costumavam falar do tempo em que trabalhavam.
O segundo pela inesperada visita das duas suecas dos tempos do ISEF, agora reformadas, e decididas a pagarem-lhe a gasolina que tinham deixado em dívida. Mesmo assim confidenciou que a cara dele está espalhada pelos quatro cantos do concelho, esperando com isso conquistar os paços, para assim poder organizar um repasto condigno da Turma 2, contrariando o sempre presente vereador Anselmo que nem uns pastéis de bacalhau foi capaz de dispensar quando foi dono e senhor do Montijo.
- Sentimos a falta daquele charme especial que só um judoca dançarino de excepção sabe transmitir, - confidenciou a professora Cucharra, dando uma festinha marota no marido.
- Os saltos dele nas aulas de dança faziam-me lembrar sempre uma hipérbole, que me causava muitos calores, - retorquiu a stora Paula.
- Ele tem imensas possibilidades e sempre foi capaz de fazer os mais incríveis “pliés”. – reforçou a Beta, ao mesmo tempo que tentava tirar a tinta laranja do cabelo, sinal de uma noitada a colar cartazes do PSD.
- O Parrilha também devia ter dado um sensual técnico oficial de contas, - explicou a Guida, que há muito tinha trocado o fato de treino pelo fascínio das operações matemáticas.
O encontro deu para sentir os diferentes efeitos da crise nos profissionais do pino e da cambalhota: uns aumentaram de volume, outros diminuíram drasticamente! O Jaques também confidenciou que tinha saudades das suas meninas, as fotocopiadoras e a Glorinha, sempre vestidas de púrpura e escarlate. E o parque automóvel também fez a diferença, o Chico estacionou o veleiro em Vila Moura, e exigiu ser tratado por Comodoro, e o Jaques a já mencionada Vespa à porta do restaurante. O Alentejano trouxe a cara metade, comeu por três e fez o discurso de encerramento, confidenciando que iria ser a partir do próximo ano lectivo o “alentejano de Olhão”. Foi um almoço de conversa mole, em que dominou a entrega ao próximo.

1 comment:

Unknown said...

HAHAHAHAHA, ainda não tinha visto, sempre em forma MIchael, grande abraço irmão! zx