O Comandante Guélas
Série ISEF 5
A organização do
almoço anual da Turma 2 do curso de 1981 do Instituto Superior de Educação
Física de Lisboa foi desta vez da responsabilidade do Xarepe, por isso trouxe à
memória deste humilde cronista aquele mês de junho de 1983 em que o algarvio
lhe colocou o nariz à banda, e o obrigou a ir endireitar a penca para um bloco
operatório lá para os lados do Lumiar, e tudo porque o jogador se recusara, por
uma questão ética, a fazer um ensaio no jogo de rugby sem passar por cima do
adversário, que se escondera atrás dum poste, depois de o ver a dizimar os
colegas desde o meio campo. A farra iniciou-se com o som metálico da Vespa do
stor Jaques a derrapar na areia do parque de estacionamento do restaurante, não
porque tivesse carregado a fundo no travão, mas porque a chapa vinha colada ao
chão devido ao excesso de massa muscular do Fotocopiador do Jamor, o
equivalente nacional do Schwarzenegger. Enquanto este exterminava os maus,
aquele arrasava com os tinteiros e as resmas do patrão durante as longas madrugadas.
Mas este repasto fica marcado pelo peso emocional das ausências de dois
monstros do pino e da cambalhota, tendo este último exercício como
representante máximo da Turma 2 o stor Sérgio, que fazia enrolamentos rígidos,
que davam sempre a impressão de ter um espartilho, e tudo isto a uma distância
analítica do colchão: o reformado Pedreta e o cobridor Parrilha! O primeiro
justificou a falta por estar ao serviço da selecção de Dominó e Milho aos
Pombos do clube recreativo “Mata Velhos” de Palmela.
- Sou bom no
“Pão às Gaivotas”, mas na nossa terra ainda não existe essa modalidade
geriátrica, - justificou-se o Corista, colega de reforma e presente no repasto,
que também confidenciou que costumavam falar do tempo em que trabalhavam.
O segundo pela
inesperada visita das duas suecas dos tempos do ISEF, agora reformadas, e
decididas a pagarem-lhe a gasolina que tinham deixado em dívida. Mesmo assim
confidenciou que a cara dele está espalhada pelos quatro cantos do concelho,
esperando com isso conquistar os paços, para assim poder organizar um repasto
condigno da Turma 2, contrariando o sempre presente vereador Anselmo que nem
uns pastéis de bacalhau foi capaz de dispensar quando foi dono e senhor do
Montijo.
- Sentimos a
falta daquele charme especial que só um judoca dançarino de excepção sabe
transmitir, - confidenciou a professora Cucharra, dando uma festinha marota no
marido.
- Os saltos dele
nas aulas de dança faziam-me lembrar sempre uma hipérbole, que me causava
muitos calores, - retorquiu a stora Paula.
- Ele tem
imensas possibilidades e sempre foi capaz de fazer os mais incríveis “pliés”. –
reforçou a Beta, ao mesmo tempo que tentava tirar a tinta laranja do cabelo,
sinal de uma noitada a colar cartazes do PSD.
- O Parrilha
também devia ter dado um sensual técnico oficial de contas, - explicou a Guida,
que há muito tinha trocado o fato de treino pelo fascínio das operações
matemáticas.
O encontro deu
para sentir os diferentes efeitos da crise nos profissionais do pino e da
cambalhota: uns aumentaram de volume, outros diminuíram drasticamente! O Jaques
também confidenciou que tinha saudades das suas meninas, as fotocopiadoras e a
Glorinha, sempre vestidas de púrpura e escarlate. E o parque automóvel também
fez a diferença, o Chico estacionou o veleiro em Vila Moura, e exigiu ser
tratado por Comodoro, e o Jaques a já mencionada Vespa à porta do restaurante.
O Alentejano trouxe a cara metade, comeu por três e fez o discurso de
encerramento, confidenciando que iria ser a partir do próximo ano lectivo o
“alentejano de Olhão”. Foi um almoço de conversa mole, em que dominou a entrega
ao próximo.
1 comment:
HAHAHAHAHA, ainda não tinha visto, sempre em forma MIchael, grande abraço irmão! zx
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