Comandante Guélas
Série Colégio Militar
O 246 dos primórdios do século passado, e mais uns colegas, foram um dia, em representação do
Colégio Militar, a um jantar a uma escuna francesa fundeada junto a Lisboa, com
o nome de “Zacatraz”, que trazia a bordo alguns guardas-marinhas tirocinantes
espanhóis, tendo por companhia oficiais portugueses. No fim da refeição
serviram um vinho do Porto, que foi muito apreciado e bebido. A uma dada altura
o comandante levantou-se e fez um breve discurso que foi finalizado com três gritos:
- Zacatraz, Zacatraz, Zacatraz !
- Olé, Olé, Olé, - responderam os espanhóis.
- À Votre Santé, - finalizou o anfitrião.
A cena ficou gravada nas memórias dos Meninos da Luz, e no fim dos
jantares especiais passaram a gritar “Zacatraz, Zacatraz, Zacatraz”, seguido de
“Olés”, finalizando com “À Votre Santé”.
Mas, como estamos no reino do Colégio Militar, a outra estória também tem
como cenário o porto de Lisboa, a mesma data, tendo os alunos sido convidados
para uma visita, no fim da qual a guarnição francesa se despediu com um grito
de saudação. E como os visitantes eram do mesmo calibre do célebre 3º E do Ano
Letivo de 1973 / 1974, recorro a estas personagens para descrever a cena. Assim, o Peidão (191) não se fez rogado e gritou, depois de ter
olhado para o nome do navio:
- Zacatraz, Zacatraz, Zacatraz, - com uma intensidade a anos luz do bardo
do curso de 1971, o 69 (Fernandinho).
A que de imediato responderam o 120
(Cabedo), o 121 (Pejó),o 125 (Horrível), o 136 (Macaca), o 151 (Escorpião), o
157 (Becas), o 191 (Peidão), o 224 (Fogaça), o 280 (Minhoca), o 299 (Camélia), o
300 (Elefante), o 305 (Vinesse), o 307 (Escalope), o 320 (Vaca), o 328 (Cão), o
384 (Leitão), o 470 (Lory), o 485 (Pitosga), o 488 (Sorridente), o 601
(Gordini), o 607 (Six), o 652 (Xoxo), o 653 (Bétis), o 664 (Barrada), o 666
(Zacarias), o 667 (Loira) e o 668 (Peida Gorda):
- Traz, Traz !
Mas o Gordini, que tinha queda para o francês, não se ficou por aqui e gritou:
- Allez allez à votre santé !
Falar dos Meninos da Luz é recordar fragmentos, ficções, fantasmas,
encontros afetivos de acasos partilhados. Forçam-se os limites das verdades
adquiridas, porque estas estórias deixaram sempre resíduos no local. Por isso a
estória do célebre grito de guerra do Colégio Militar segue para meados do século,
com a ajuda dos figurantes do futuro. Passou então a ser gritado pelo bardo de
serviço, depois dos dois “Traz”:
- ALA, ALA.
A que respondiam:
- Arriba.
E finalmente:
- Allez allez à votre santé.
A que o Six (607) acrescentou, “Allez”, sinal para se avançar rapidamente
para o Amarelo, uma mistura de raspas de bifes de cavalo, com ovos mexidos das
galinhas do pai da Rosa, tudo regado com muito vinagre, para cortar o sabor do
verdete. Por isso quando quiseram ouvir a alma dos Meninos da Luz, gritem "Zacatraz", da mesma maneira que encostam o búzio ao ouvido, para escutarem a alma do mar!
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