O Comandante Guélas
Série Paço de Arcos
Futebol P.A. 7
Futebol P.A. 7
“Os putos deviam
ver o exemplo dos velhos com conversas de merda, que durante 40 anos continuam
grandes amigos e a jogar à bola todos os fins de semana”, foram as palavras
sábias do Tio Mino na antevéspera do primeiro jantar do Futebol PA, quarenta
anos depois do Choné ter tido a primeira lesão no joelho ao dar início ao jogo,
por ser o dono da bola alugada ao oponente, o Presidente. Durante todo este
tempo o Tio Mino não fez mais do que afastar geração atrás de geração com o seu
palavreado único, tendo atingido o vórtice da sua carreira de motivador desportivo
quando conseguiu o degredo do Chico Marinheiro para as terras de Sua Majestade,
onde chegou num estado existencial degradante, ao nível de um vendedor
ambulante de salsichas moldavo. Como paçoarcoense é o responsável pelo estado de demência
avançada do Pica que, contra todas as regras da aviação civil, continua a voar
na TAP, e que no jantar apareceu em formato Charlot, e só foi por causa da
chuva que não cantou o “É Motorista”! Assim, o Tio Mino é o grande responsável
pela ausência de renovação geracional, uma natalidade quase à beira do zero no
Futebol PA, o que obriga os pioneiros a arrastarem-se pelo campo, que o diga o
Choné, que está agora empenhado em construir o banco de reformados, ao mesmo tempo que tenta recuperar minimamente das mazelas de uma vida
desportiva intensa, com a esperança de ainda poder regressar aos relvados, mesmo
em formato Sete Escadas. Neste jantar ficámos a saber que a origem do Futebol
PA reside numa dupla estilo Bonnie e Clyde paçoarcoense que, depois de
aterrorizar a Península Ibérica durante os anos setenta, resolveram dedicar-se
à filantropia e criar este grupo cultural, que mistura debate e um pouco de
desporto. Passemos agora à segunda parte do relatório!
Uma vitória
contra o Fininho representa sempre uma rutura contra um populismo exuberante. O
jogo deste domingo chuvoso foi uma repetição do anterior, um clássico 6 x 6: Tio
Mino, Tio Kiki, Caramelo, Laranja, Barnabé e Bill versus Milhas, Zé Miguel,
Peidão, Chico Paulo, Espalha e Tarolo! O astuto Sobrinho da Uber, especialista em
pormenores e condução das bolas, reparou num pormenor vantajoso para a sua
equipa, o Tio Mino apresentou-se em campo sem a cremalheira de cima, esquecida
algures entre o copo de água na mesa de cabeceira e o penico com o álcool do
Trumps que o fígado do dito senhor se recusara a processar. Assim, o atleta que
só sabe jogar a falar estava desfalcado, sem a prótese não haveria pressão
psicológica sobre os adversários, principalmente o Milhas, que jogou solto e
feliz, tendo sido escolhido pela crítica especializada como o jogador da
semana, um Messi paçoarcoense. O Tio kiki adormeceu várias vezes à baliza na
altura em que a bola ia para o fundo das redes, tendo feito por isso três
fabulosas defesas. Mas o jogo foi na mesma manipulado pelo Fininho, que
introduziu novas regras:
- Só se podem
marcar golos dentro da grande área!
Seguido de um
desmentido do Bill, que confidenciou que o Tio Mino lhe telefona muitas vezes a
pedir conselhos:
- Afinal vale de
todo o lado!
Conclusão, o
primeiro golo da equipa do Milhas foi anulado porque o rematador fez o gesto
três milímetros antes, segundo parecer validado pelo Tio Mino. Ainda tentaram
assinalar um penálti por bola na mão do Peidão, mas a justiça divina fez o
esférico entrar de seguida na baliza oposta. O Tarolo esteve de parabéns, chuva
e meia dúzia foi música para as pernas dele!
- A derrota do
Tio Mino acontecerá sempre que a distribuição dos coletes pelo Preto for
controlada e a prótese do Fininho escondida no saco, ausência esta que lhe
causa soluços constantes e um apertão na garganta, que encravam as palavras -
diz com eloquência o cientologista Espalha.
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