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315 estórias

Saturday, March 21, 2020

A Fotografia



O Comandante Guélas

Série Colégio Militar



No Zimbório o Chulógrafo preparava-se para registar para a posteridade os oficiais e os professores do ano letivo de 1971/72. Todos? Todos, não, porque lá para os lados do ginásio o Maneta procurava desesperado a sua mão, que costumava tirar quando ia nadar, o Estorninho, mestre de esgrima, esgalhava o florete na foto da Rosa pendurada na sala de armas e na sala de professores o Semita jogava descontraidamente uma partida de xadrez com o Casanova:

- Não jogue assim, porque senão ganha-me - disse, já um pouco exaltado.

-  Mas eu jogo para ganhar, xeque-mate!

O pensamento do engenheiro Grijó, o Semita, estava agora a caminho do centro da noite, rodeado por um nevoeiro espesso, tentando encontrar um interruptor que acendesse uma luz, ao mesmo tempo que o Chulógrafo gritava não muito longe dali:

- Olha o Passarinho!

Ao mesmo tempo que o fotografo oficial do Colégio Militar carregou no botão, o Semita virou as peças com a mão esquerda e retaliou:

- Ainda se lembra da jogada?

No Colégio Militar havia um vórtice do destino à nossa volta que aumentava com cada uma das nossas escolhas, e que nos modificou as sinas das mãos, por isso é no intervalo de tempo entre o aviso do Chulógrafo e o disparo do flash que decorre esta estória de uma breve eternidade que parecia poisar nos raios luminosos que riscavam o Zimbório, e de onde saíam vozes tranquilas de perfeição estética, ao mesmo tempo que somos levados por um vento e por uma tempestade inesperada, brilhante e veloz, vinda das nossas memórias, e que nos traz o Teta a grande velocidade da terceira companhia, montado em patins, com um objetivo bem definido, passar no intervalo de centímetros entre duas mesas de ping-pong.

- Estão-me sempre a chamar Feio, hoje vou dar o meu melhor, - pensou o Francisco António de Simas Alves de Azevedo (2.9), professor de História e Geografia.

Quanto ao 3.19 e ao 3.20 não sabemos qual era o assunto da conversa, mas algo nos diz que iria haver farrobadó à noite na Soca, área reservada ao descanso dos oficiais, neste colégio com tantos pergaminhos. O 3.8  era o mais famoso professor de Música da Luz, Miguel da Silva Carneiro, que tinha muitos traumas na alma:

- Carioca chupa-me a pichota, - era a voz vinda, não do Além, mas da boca do Teta, acompanhada de um biqueiro na porta.

O padre largou tudo e saiu a correr atrás do 332, decidido a enfiar-lhe, como era costume, uma dose de estaladas bem aviadas. Mas, não teve sorte nenhuma! 

No tempo de “Estudo” do professor de Inglês Bernardino Gonçalves Monteiro e Mota (3.15), mais conhecido por Didi, o docente tentava desesperado descobrir a origem dos zumbidos, que se calavam quando olhava, e reapareciam quando estava longe.

O professor Almodover (1.5), o Teacher, preparava-se para debitar mais uma aula do seu Americam Language Course no sofisticado laboratório de Línguas, já com os alunos devidamente distribuídos pelas boxes, quando o 224 deu o berro do Ipiranga ao microfone, que fez com que o docente desse um salto na cadeira, e tirasse apressadamente os auscultadores.

O velho professor Ferreirinha do Carocha (2.3) e da gabardine cinzentos, e do permanente cigarro Kart entre os dedos, que enchia as aulas de fumo. O Padre Joaquim Gomes da Costa Peixoto (2.1), também conhecido por Pichota, professor de História que escrevia as perguntas dos pontos nos triplicados das participações, deitando depois as cópias para o lixo, ação esta que nunca se soube se era deliberada ou por distração, mas que fazia com que nunca ninguém chumbasse. O professor Artur do Nascimento Morais, conhecido por Tabi, que tinha dificuldades auditivas:

- Stor, posso bater à punheta?

O quê? – Perguntou ao 601 o professor de inglês, com a mão em concha junto ao ouvido.

- Apanhar a caneta!

O José Rodrigues Matos Guita (2.27), Guitão, professor de História que utilizava os meios audiovisuais mais avançados da época, o retroprojector e os slides, que punham a sala de aula numa penumbra, facilitando o sono dos alunos.

O Padre António Valdomiro Lusitano Leal (3.24), Baldomijo, que um dia fez uma curva mais apertada com a sua Lambreta e bateu com os costados no chão, contando depois que vira uma “luz” antes de cair.

- Devem ter visto as cuecas da Antonieta, - arriscou o Peidocueca.

O primeiro capítulo finaliza com o professor de Desenho Norberto Pina Lopes (1.15):

- Se marcares o alvo num mapa com o lápis rombo, as bombas caiem ao lado!

Esta é uma estória aberta que deverá ser contada por todos, por isso o final ainda está longe.



    1.1   Dr. Fernando José dos Santos Fernandes (Fufu) - A rubrica dele no livro de ponto era Fufu.

    1.2   Dr. António Lagas Pereira (Pato Marreco)

    1.3     Dr. António Pires Rolo

1.4 Dr. Pierre François Maurice Cador

1.5 Dr. António Manuel Almodôvar (Teacher)

1.6 Dr. João da Cruz Pinto

1.7 Dr. Fernando Venâncio Peixoto da Fonseca (Domdom)

1.8 Cor. Alberto Augusto da Costa Andrade 

1.9 Dr. Cristóvão de Sousa Lima

1. 10 Brigº. Américo Agostinho Mendóça Frazão (Dito) – Promovido a General em Nov/73

1.11 Cor. Juviano Aloísio Chaves Ramos (Sub)

1.12 Dr. João Navarro Brazão (Pipocas)

1.13 Capitão Dr. Júlio de Jesus Martins (Juju)

1.14 Cor. Júlio Beirão de Brito

1.15 Dr. Norberto Pina Lopes

1.16 Dr. Manuel Carlos Corrêa Manitto Torres

1.17 Dr. Enrique Pessoa Lobato Cortesão

1.18 Arq.º Jorge Alberto Ribeiro de Oliveira (Fá)

1.19 Dr. Clementino Moniz de Sousa (Camões)

2.1 Padre Joaquim Gomes da Costa Peixoto

2.2 ???

2.3 Dr. Ferreirinha (Ferrari)

2.4 Dr. João Augusto da Fonseca e Silva (Felica) - Professor de Ciências.

2.5 ???

2.6 Dr. Walter José Rodrigues de Carvalho

2.7 Prof. Mário Augusto Sampaio de Lemos

2.8 Dr. José Luís Chaves Loureiro (Bóbó) - Professor de Ciências

2.9 Dr. Francisco António de Simas Alves de Azevedo (Feio)

2.10 Dr. Jaime Carmo Amorim de Macedo

2.11 ???

2.12 Dr. Armando Pontes Carreira

2.13 Dr. Manuel Carlos Dias

2.14 Dr. Augusto Almeida Oliveira e Sousa

2.15 ???

2.16 Cor. Jorge do Carmo Vieira

2.17 Dr. Ralho Correia ???

2.18 Dr. Victor José Gamarro Correia Barrento

2.19 Cor. António Catalão Filipe Dionísio

2.20 ???

2.21 Dr. João António Fernandes Varregoso

2.22 Cor. Garcia de Brito

2.23 Dr. Artur do Nascimento Morais (Tabi)

2.24 ???

2.25 Dr. Francisco Antunes Domingues (Bôzô)

2.26 Dr. José Casimiro Rodrigues (Menino) - Professor de História

2.27 Dr. José Rodrigues Matos Guita

2.28 Dr. Joaquim Eugénio Filgueiras Soares

2.29 Dr. Jacinto Augusto dos Mártires Falcão

2.30 ???

2.31 - Tenente Lourenço (Cabo Fedorento) 

3.2 Prof. Nuno Humberto Gama Lobo Vitória

3.3 Ten. Prof. Carlos Dario Fernandes

3.4 Cap. Eng. Mário José Saraiva

3.5 ???

3.6 ???

3.7 Dr. Fernando Alberto Prado Dias Freitas

3.8 Padre Miguel da Silva Carneiro (Carioca)

3.9 Dr. António Campos Monteiro Romão (Mámas)

3.10 Cor. José Maria Vieira Abrunhosa

3.11 ???

3.12 Artur Teodoro de Matos

3.13 Padre Américo da Silva Martins (Capelão)

3.14  Porco Alentejano, professor de Ciências

3.15 Dr. Bernardino Gonçalves Monteiro e Mota (Didi)

3.16 - Jaime de Almeida Godinho, Primeiro Oficial

3.17 Maj. Manuel Júlio Matias Barão da Cunha

3.18 Escultor José João Machado Carneiro de Brito (Judas), professor de Desenho.

3.19 - Capitão Vicente, Chefe da Contabilidade

3.20 ???

3.21 Prof. Manuel Hilberto Freitas de Oliveira

3.22 Maj. Leonel Martins Vicente (Palhaço)

3.23 Arq.º Fernando António torres de Sá Dantas

3.24 Padre António Valdomiro Lusitano Leal
































2 comments:

Unknown said...

2.31 Tenente Lourenço

David Veríssimo said...

Procuro o paradeiro do Cor. José Maria Vieira Abrunhosa ou familiares. Será que alguém me poderá ajudar?