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315 estórias

Monday, December 31, 2018

Fundação Daniel José Martins de Almeida





O  Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol P.A. 43

O Futebol PA ensinou-lhes a ter o coração junto ao dedo grande do pé direito, a reagir às reações do Milhas, a deixarem no campo todas as inquietações. Vale a pena invocar os exemplos históricos, desde as lendárias cenas de quid pro quo entre o Estalinho e o Zé da Tapada, as possessões do Chico, a breve carreira do Carinha da Avó, as taras do Capitão Porão, os malabarismos do Bill, a forma única como o pai Marinheiro atacava o esférico, o fim abrupto de muitos jogos quando a equipa que estava a ganhar se apercebia da eminência de sofrer um golo, alegando excesso de penumbra, a expulsão dos cabritos, cenas tão intensas e marcantes cujas consequências fazem parte da vida de todos. Quarenta anos a massacrar o Milhas é obra: Mesmo ausente é sempre uma referência em qualquer jogo! Nas brumas da memória ficou o desaparecimento do Charlot, o autor do hino do Futebol PA, uma espécie de “Papoilas Saltitantes”:


A equipa cujos jogadores não compreendem o que se passa, apesar de se movimentarem, e que perdem a ligação com os colegas, é sempre derrotada. Mas de perda em perda o Peidão ganha sempre, pois ele é o Centeno do Futebol PA. Os jogos de domingo são sempre ancorados na referência da convergência paçoarcoense e inspirados tanto no passado como nas novas exigências futebolísticas. O Chico Sá é um exemplo disso, deixou cair o Sá, e passou a Chico Solas, quando joga com ténis do Padel, modalidade onde o ConanVargas, o Marreco e o Cocilo são referências, ou Caveirinha quando utiliza com virilidade as chuteiras. Um sopro novo dir-se-á! Entre os que apenas pretendem melhorar a sua pouca qualidade para a modalidade, apesar de estarem em decadência acentuada, e os que pretendem toute casser, está sempre o Milhas. E há os que sofrem a angústia de ver que se estão a aproximar da performance dos pais, depois de uma longa permanência no topo da modalidade, cujo exemplo é dado pelo Brinca na Areia, que é agora conhecido pelo Zé das Cápsulas, e que este ano lectivo nunca conseguiu ganhar um jogo, mesmo chegando estrategicamente atrasado. Casou-se! O ex Preto, que passou a Cinzento por questões de racismo, continua a escolher equipas, vagueando entre a loucura negocial e o pragmatismo da modalidade. O dono do campo, sobrinho do Isaltino, vê agora flashes, em vez da bola, com o olho direito, ameaçando trocar a baliza que defende por uma de hóquei, porque caso o não façam irá autorizar a ocupação do mítico espaço da modalidade rainha por campos de Padel. Mas o último domingo de 2018 recebeu a visita de um ilustre futebolista paçoarcoense, o lendário Sarapito, que chegou a cinco minutos do fim, apesar de na véspera ter prometido chegar a horas, conseguindo a proeza de dar três biqueiros no esférico, sair com uma vitória, apesar de não ter tido tempo de conhecer toda a sua equipa. Por isso ao fim de quarenta anos merecemos ser uma Fundação, antes de nos transformarmos num Lar Desportivo, onde haverá equipas, não de Baptistas contra o Resto do Mundo, ou de Velhos contra Novos, mas sim de Atletas de Fraldas contra Atletas Algaliados. Bom Ano atletas do Futebol P.A. !

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