Estava a
reunião no zoom a decorrer, sob a coordenação do Querido Líder Gordini, quando
os presentes foram confrontados com uma triste notícia: o Peida Gorda tinha
desaparecido dos radares, dava a sensação que andava a fugir do seu passado
colegial. Logo este cujo número encerrava o título das comemorações dos cinquenta
anos de entrada do curso de 1971, “Do 8 ao 668”, apesar de ter havido mais um,
o 669, o Serra. Criou-se logo ali um grupo de busca do Peida-Gorda, dirigido
pelo insaciável Escalope.
- E não é só
o 668, - confidenciou o 601, deixando cair uma única lágrima.
- O quê, há
mais? – Indignou-se o Zacarias.
-
Infelizmente o Canibal também está desaparecido, - respondeu a seco, e sem
preliminares o Gordini.
As
comemorações arriscavam-se a ter de mudar de lema: “nunca tão poucos
comemoraram por tantos”!
- Abri o
Blog, enviei centenas de convites e só tenho meia dúzia, - queixou-se o Ginho,
ao mesmo tempo que ouvia a entrada de mais um cliente. – Sete, o Peidão acabou
de entrar.
- Só agora
encontrei o botão, - justificou-se o 191, que não tinha tido o número mais
vergonhoso do Colégio Militar, 69, do Fernandinho, mas que agora era olhado de
lado por não ser uma alcunha ambientalmente aceitável.
Enfim,
contingências de um colégio especial a quem ninguém podia escapar, nem mesmo
que o Peida-Gorda fosse viver para a Antártida, com toda a certeza, o Monhé
mais tarde ou mais cedo iria declamar um “Zacatraz” à porta do seu iglô.
- Eu vi o
Canibal, - exclamou o 27, um pouco embaraçado.
- Onde? –
Perguntou o Querido Líder, aproximando um olho da camara.
- A última
vez que vi o Canibal foi no cinema Império, quando eu e o Cebola fomos ver a
“Garganta Funda”, perdão, “A Música no Coração”, e ele quis vir connosco.
O Cebola
dizia que ele espantaria as fêmeas amigas e por isso na altura de comprar
bilhetes arranjou-lhe um na primeira fila, entregou-o ao
pirilampo que o conduziu de imediato o Canibal ao seu lugar. O 27 viu-o desaparecer na noite
fria do Cinema Império.
- Lembro-me
do seu sorriso, ia todo contente por ir ficar mais perto da garganta da
artista.
Tinham agora
mais de quarenta anos de avanço, o Canibal estava desaparecido há mais tempo
que a Maddie, mas para os Meninos da Luz nada era impossível.
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