A Sombra do Cinzento

 

Camarada Choco

Série Paço de Arcos

Futebol PA 75

 

As saudades do Cinzento são muitas, até o Dic, o único jogador do Futebol PA com o nome do próprio cão, chegou a patrocinar uma “Perna do Choné” de parafina no altar em Fátima, pedindo o regresso do único jogador do Futebol PA que aparece sempre atrasado à convocatória, neste caso às segundas-feiras. Longe vão os tempos em que o Cinzento e o Peidão iniciavam a escolha das equipas com uma pedra na mão, que decidia quem escolheria em primeiro lugar, invariavelmente o Zé das Cápsulas, o único jogador de futebol. O Peidão nunca usava a pedra, ficava sempre com o Brinca na Areia, mas nunca jogava com ele, porque o Cinzento roubava-o, tirando-lhe o colete. Veio o Algoritmo Futebol PA, foi-se a pedra, a qualidade das equipas melhorou, as novas gerações estavam cheias de Cápsulas. Até que os céus atenderam o pedido do Dic! Escrevendo direito por linhas tortas, presentearam a instituição com um novo Cinzento, o Al-Berto Cabeludo que, com um passe de mágica, passou a tirar do bolso direito um “Algoritmo Alternativo”, cheio de Blaks & Afins, aproveitando-se da chegada tardia dos mais idosos. Este domingo atingiu-se a pouca vergonha, ganhou 7-2, com 6 golos e 1 assistência do Guião, um jogador cuja Ficha Técnica dizia ter “Peso Bajoulo”, ou seja, incapaz de saltar mais alto que o Biblot original, com 1,45m de altura que insistia em disputar bolas de cabeça na grande área com o imberbe Sopapo. Tudo começou quando o Al-Berto Cabeludo resolveu entregar dois manos á equipa adversária, cuja etiqueta dizia serem “Ronaldos ao Quadrado”, e que se revelaram dois Mac Macléus Ferreiras, cujas pernas fugiam deles em cada contra-ataque.

- Eu fico com estes dois cabo-verdianos deficientes, - disse o altruísta com cabelo à caniche.

Afinal, eram dois Laranjões do tempo em que o citrino era o “jovem Ronaldinho Gaúcho com cigarro na boca”! O pobre do Sabão andou perdido no campo à procura da bola, que nunca encontrou. No final do jogo o Sarapito confidenciou ao Peidão:

- Não jogaste nada!

- A perceção que tenho é que fui o melhor.

Por ter dado 20 Kg à sua colega Alexandra Leitão, sem avisar o Tio Fininho, o jogo foi anulado por “fraude socialista”. O parlamento acabara de chegar ao Futebol PA!

"Um olho no Burren e outro no Al-berto"

Novo provérbio do Futebol PA

O “Bola de Bobath”

 Camarada Choco

Série Paço de Arcos

Futebol PA 74

Mesmo neste domingo com a ausência do Peidão e do Pingamisú, dois “selvagens” do Futebol PA, a ata ficou a cargo do Zé Miguel , que marcou o golo clássico que todos marcam ao Tio Espalha, por baixo das pernas, sinal de ser um guarda-redes incontinente nas virilhas. O jogo foi engrandecido pelo regresso do Caveirinha, que logo impôs uma condição:

- Jogo na equipa mais perto da saída!

Houve ainda tempo para falarem do lendário Outro às novas gerações:

- O Outro estava com os copos, ganhou um concurso de dança e ainda refilou quando lhe entregaram uma garrafa de whisky como prémio.

Passemos a palavra ao Zé Miguel:

O Bola PA não é um grupo qualquer, mais do que futebol, história ou política, é um culto que deveria ser integrado nos currículos escolares. Este fim de semana foi mais uma vez provado que é um desporto para resistentes da cabeça: Quem resiste ao Tio Fininho está apto para jogar!

20 minutos antes do começo, a chuva e o jogo anterior já faziam antever um verdadeiro clássico: os Makumbos do Tchomélélé jogavam contra os Farofa do Lombo e, quando o jogo estava prestes a terminar, apareceu um amuadinho nos Farofa do Lombo, que abandonou o campo depois de não lhe passarem a bola, mesmo quando este jogador já estava a vaguear pelos corredores do Estabelecimento Prisional de Tires a gritar pela Rosa Grilo.

O grito do Amuadinho dos Farofa fazia antever um clássico dos tempos modernos no jogo seguinte – e a previsão aconteceu de forma clamorosa.

Com mais de metade do contingente Paço-Arquense atrasado 15 minutos depois da hora, somos surpreendidos com o Al-Berto a chegar a horas. “Sonhei com isto durante toda a semana”, enquanto o seu cabelo enchia como nos bons velhos tempos.

As equipas precisaram de reforços, dado o atraso das equipas originais – e foram pedidos reforços aos Makumbos do Tchomélélé. Inicialmente quatro, passaram a dois por falta de vistos de trabalho na loja do Manuel da Leitaria!

Quando estávamos prestes a começar o jogo, eis que aparecem os desequilibradores: Abel e Filipa. Um para cada lado, com o “Special 0” Filipa a insurgir-se:

- Isto está muito desequilibrado, assim não vale a pena jogar.

Tinha razão, uma equipa só com 1 velho, enquanto a outra integrava todos os idosos que iam aparecendo no campo, mesmo que tivessem vindo só para encomendarem um frango para o almoço!

E, por incrível que pareça, o Filipa estava na equipa dos novatos, já saboreava a vitória, em vez das aves. Com o Tio Fininho a liderar uma defesa intransponível, o momento do jogo aconteceu quando o General Bidon se transmutou no Outro:

- Vem ajudar-me à defesa, Bidon!

O militar ignorou a ordem, pensando que tinha vindo de um soldado raso. Acabara de cometer suicídio, o Tio Fininho tinha a patente de Marechal:

- Ó gordo, com essa barriga não fazes nada aí à frente. Vem defender, não estás a baralhá-los, para eles não passas de uma “Bola de Bobath”.

Revoltado com tamanho despautério, o General Bidon, agora Bola de Bobath, abandona o campo, apesar da insistência dos adversários para que ficasse. Mas o Marechal estava imparável:

- Não fazes cá falta nenhuma ó Gordo!”

 No Futebol PA as nossas atitudes podem custar-nos caro, e o General em vez de se informar do porquê de ter sido nomeado Bidon, optou por escolher o Outro como referência!

 

Perceções

                            

Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol PA 73

Este domingo, dia 26 de janeiro de 2025 do Ano da Graça do Nosso Senhor Isaltino, foi reposta a justiça no Futebol PA: o Tio Zé das Cápsulas voltou às vitórias, e a equipa dele, que era a do Fininho, foi a primeira a marcar. Aliás, ele fez questão de ser o primeiro a ir à baliza, evitando assim os 2-0 já clássicos. Defendeu o possível e o impossível, deixando o Dr. Sopapo à beira de um ataque de caspa, culpando por isso a sua defesa, de que ele fazia parte, uma espécie de autoflagelação. Por isto este jogo merece uma reflexão sobre a “perceção” de alguns jogadores. O Biblot original, uma talega com metro e meio, ia sempre para a grande área tentar meter golos de cabeça; o Milhas pensava ser o Usain Bolt, acabando a carreira quando chocou com o Calcinhas e, contra todas as perceções, caiu agarrado a uma cicatriz com quarenta anos; e o saudoso Mac Macléu Ferreira, que deixava a bola passar e ia atrás dela, nunca tendo conseguido alcança-la; e o Toquinhos que quando o esférico lhe caia aos pés ia a dar toques até á linha final, esquecendo-se do jogo; o Tuguinha, um jogador de rugby do Portugal dos Pequeninos, motivava os parceiros do princípio ao fim, perdendo sempre. Neste domingo o Dr. Sopapo enganou-se e, em vez de calçar as chuteiras, encaixou a prancha de snowboard nos pés e deslizou o jogo todo. Resultado, não marcou nenhum golo. Pertence à geração, não do biqueiro como os tios, mas daqueles que não se limitam a puxar a perna para trás, mas em torneá-la em redor do esférico, até sentir a fruta a descair e a fazer barulho como o carrilhão de Mafra, ao mesmo tempo que revira os olhos e eleva os ombros. Exceção ao Sobrinho Picoto, que marcou 4, salvando assim a honra da equipa.

7-4

Mas mesmo assim o Dr. Sopapo não se convenceu, no final do jogo foi confrontar a equipa do Algoritmo da presença do Tio Peidão, “um selvagem que joga onde quer”, na sua equipa. A IA respondeu-lhe com resultados: “O melhor marcador do mês chama-se Peidão, o teu nome só consta na base de dados do China Botox”. Estava com uma "esferotivite" ("ninguém jogou nada"). Sorte teve o Al-Berto, "Cabeludo" após o Esferovite ter tido uma "sopatite" ("ninguém me passou a bola o jogo todo"), que jogou na equipa adversária, pois tivesse jogado na do Dr. Sopapo e arriscava-se a sair "Caixa de Óculos", Al-Berto Cabeludo Caixa-de-Óculos. O Futebol PA é para atletas com rugas na cara, porque quem as estica fica com pregas nos pés. Resumindo, o Peidão está de pedra e cal na posição do Caveirinha, cujo lugar será devolvido quando este regressar com a virilha recomposta pelo Tio Preto. Quanto ao Mister Isaltino, limitou-se a rir como é costume.

A Queda de um Anjo

                                            

O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol PA 72

É necessário pôr os pontos nos “is” antes desta estória ter início. No Futebol PA o conceito de “anjo” pode ter duas interpretações: Alvo do Capitão Porão ou Desportista de Eleição. Até à geração do Dr. Sopapo, um dos anjos preferidos do militar, todo o cuidado era pouco.

- És melhor que a Bo Derek, - disse um dia ao Tio Espalha, na altura um adolescente com cabelo de caniche!

Até que chegou o Tio Pona, na altura Sobrinho, e partiu-lhe definitivamente a bilha num jogo nos Maristas nos anos noventa do século passado, arrumando com o militar de abril. Nunca mais se ouviu o grito do Caveirinha de cada vez que a bola batia no bumbum do capitão:

- Ouviram o eco?

Ou

- Em cheio na cona!

A partir daqui “Anjo” passou definitivamente a ser “o Ronaldo do Futebol PA” e este foi direitinho para o atual Tio Zé das Cápsulas”, batizado na altura como “Brinca na Areia”. Esta estória fala da “queda do Anjo”, das derrotas sucessivas das equipas onde ele joga, que se tornaram numa epidemia.

- “Hoje fui responsável por ½ golo sofrido, os nossos avançados por 14 meios golos não marcados, agora ponham isso numa balança de pratos, calibrada pelo Coentrão” – explicou o Tio Pingamisú, um jogador que desenvolve do avesso, ao “Correio Futebol PA”, um jornal dirigido pelo empresário paço-peruano Pierre Pomme-de-Terre, com carreira breve no Paço de Arcos Futebol Clube, onde se apropriou das quotas dos associados, e que tem a cara em todas as esquadras do mundo. Sabemos que já se apropriou indevidamente de um subsídio dos índios.

O Zé das Cápsulas voa agora muito baixo, por isso debitou “karálho, karálho” o jogo todo. Acabou por sair intempestivamente antes do final, não porque tivesse começado a chover (as probabilidades eram de 99%), mas devido ao “1/2 golo sofrido” do Pingamisú, que já era o vigésimo. A equipa do Peidão tornou a ganhar, e o filho do Laranjão sofreu os dois primeiros golos, como já é tradição. O homem do jogo foi o Amaciador, defendeu um penálti marcado pelo Picoto, atirando-se para a direita e defendendo á esquerda com a unha grande do pé de baixo. Até o Sarapito o beijou! Foi imediatamente alterado o seu nick name, para Turbina. Mas houve mais surpresas. O desconcertante Amuadinho 2 marcou finalmente um golo, prova definitiva do fim da “Maldição do Peidão”. O penalti foi da responsabilidade do dr. Sopapo, que arrancou, distraidamente, o olho esquerdo do Picoto, mas devolveu-o de imediato. A ausência do Fininho, o “Juíz do Jogo”, fez-se notar neste caso, pois nas regras não consta a sanção para quem arranca uma parte do adversário. Mas graças a Deus não lhe arrancou a penugem, porque levantaria uma questão existencial:

- Já Picoto não sou!

O Futebol PA é como o Universo, está em expansão, o admirável Zé das Cápsulas está lentamente a transformar-se no Outro, no que diz respeito à relação com as suas equipas.

De “Deus” a “Tarolo”

 

Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol P.A. 71

No Futebol P.A. o sucesso de um desportista nunca está assegurado. Pode entrar como “Deus” (classificação máxima do algoritmo que escolhe as equipas) e sair como “Tarolo”; pode ser amaldiçoado, como o Amuadinho 2 e o Zé das Cápsulas, e ter dificuldades em marcar golos, até que o verdadeiro deus, o “Isaltino”, sempre presente no banco em representação do Presidente, o amnistie. Neste domingo, o primeiro de 2025, aconteceu um pouco de tudo, até uma chuva abençoada no final, que se sobrepôs ao cronómetro do Zé Miguel, e deu a vitória à equipa do Fininho, ausente a fazer "sku", com o tio Kiki, na serra de Pevidém. O Filipa entrou de peito inchado, ufano, o Algoritmo Futebol PA classificara-o como “Deus” devido à prestação no jogo anterior, em que a bola lhe batera cinco vezes, e provocara cinco golos. Por isso aproximou-se do ícon e benzeu-se. Não reparou que o verdadeiro deus respondeu-lhe com um sorriso manhoso. Os coletes foram distribuídos, o jogo começou, e a tradição manteve-se, a equipa do Zé das Cápsulas levou dois golos de rajada. Fazia bem o vovô Laranja não arriscar trazer os gémeos de novo. Mas eis que um milagre aconteceu, a bola bateu na cabeça do Amuadinho 2 e a “maldição do Peidão” foi quebrada, o esférico foi direitinho para o fundo das redes da baliza adversária.

2-1

Foi sol de pouca dura!

3-1

4-1

O Zé das Cápsulas desesperava, por isso o Tio Peidão teve de tomar uma decisão dura:

- Vou “Acaveirar-me” lá para a frente!

Decisão acertada, tomada por um contabilista milionário. Saber jogar como o Tio Caveirinha não era para todos.

E ter o Tio Espalha como adversário na baliza era uma bênção. Ainda não se colocara na “Posição Caveirinha”, e já a perna direita dele enfiava a redondinha nas redes do sobrinho do Isaltino.

4-2

Na outra ponta do campo “Deus” estava ausente, a “omnipresença” era uma miragem, golos nem vê-los. De novo o Tio Peidão.

4-3

Desta vez com a perna esquerda e o Tio Espalha deitado a dormir. Pediu falta por o acordarem, mas o Juíz Desportivo não estava.

4-4

Tio Peidão de novo, foi a apoteose para uns e o desespero para outros.

4-5

4-6

Sempre o mesmo goleador.

- As minhas pernas autonomizaram-se, e tal como as do Caveirinha, jogaram sozinhas, limitei-me a ir com elas.

Havia um novo “Deus”, o antigo já há muito se sentara no Confessionário, tendo sido despromovido para as profundezas da tecnologia, nível “Tarolo”. Para a semana a equipa que jogar com o Tio Peidão terá de ter, obrigatoriamente, menos 1 jogador, para não ficarem desequilibradas!

O Último Jogo de 2025

 

 Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol P.A. 70

A chegada dos atletas do Futebol PA coincidiu com a entrada dos miúdos da creche “PI100PÉ”. Ambos iam jogar no mesmo campo. Onze do Futebol PA (Peidão, Tio Manel, Zé Miguel, Platini, Caim, Al-Berto, Sabão, Sabonete, Amuadinho 2, Tony Mendes, Filipa). O Sobrinho Abel, apesar de inscrito, não apareceu, o pai apresentou um “Atestado Médico” passado pelo Dr. Petroni (o original que está no Peru), que dizia estar o petiz com um “esquenta, apanhado numa almofada contaminada”. Foi enviado para negociações o “Ralações Púbicas” do Futebol PA, que se apresentou com um nome digno de respeito:

- Eu sou o Engenheiro Cabeludo e venho aqui ditar as condições para vocês poderem jogar neste campo contra nós. Quantos são?

- 14!

- Qual a idade do mais velho?

- 22!

- Nós somos 11, e o mais velho é o Tio Fininho, que se vai reformar em janeiro. O jogo será 10, nós, contra 9, vocês. Organizem-se nos suplentes.

O Porco Chileno riu-se, e pensou: “Até podíamos jogar só com 5, eles são todos velhos”!

Um pormenor importante, o Zé das Cápsulas, o Dr. Sopapo e o Picoto estavam ausentes. Aos 30 minutos já o Futebol PA ganhava 3 – 0. E eis que o Porco Chileno, o Filipa dos outros, deu um biqueiro na bola, aproveitando o Amuadinho 2 na baliza, diz ter sido amaldiçoado pelo Peidão, que o transformou num dançarino de sapateado, e quando saltou o esférico passou-lhe por cima e ousou entrar na baliza da equipa do Fininho. O Trovão com óculos foi felicitado pelos companheiros e regressou ao meio-campo em bicos dos pés. E contra todos os falhanços lá à frente, o Pitrongas marcou o segundo golo. E irritou o Filipa, que estava com duas lesões, a permanente na cabeça e outra na coxa, perto do ganha pão. Acendeu-lhe a cabeça e marcou o 4 com os olhos fechados, que é quando deixa de ver a bola quadrada. De 10 em 10 minutos no Futebol PA trocava-se o guarda redes e o atleta no banco. O “Ralações Púbicas” autorizou a entrada do 10º jogador aos adversários, mas eles recusaram O Platini teve de chegar ao último jogo do ano para disputá-lo tranquilamente sem a pressão do Tio Kiki e do Tio Fininho. Mas mesmo assim lesionou-se, e saiu. O Sabonete foi para a baliza e insistiu em atirar a bola para longe, e sempre com um desvio para a esquerda. Os amigos protestaram, tentaram chamá-lo à razão, reagiu, mas todos sabiam que era a tática certa. Quando regressou ao campo a espumar, marcou um golo soberbo, tendo sido promovido de imediato a “Rexona”. Mas também saiu. Ficaram 8 velhos contra 9 imberbes O Filipa ainda teve tempo para marcar mais 2 golos, fixando o resultado em 7-3, que foi oferecido de bandeja ao Tio Fininho!

A Blasfémia

 

Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol PA 69

Neste domingo jogou-se o futuro da Humanidade: Jesus sofreu uma falta colossal! Tinha razão o Esferovite quando chamou Cabeludo ao Al-berto, um jogador sem escrúpulos, capaz de fazer de tudo para ganhar, incluindo golos! E nem no Natal dá espaço ao Menino. O voo de Jesus foi testemunhado por todos os jogadores cristãos, por momentos pensaram que não iriam receber presentes. A exceção foi o Outro, que há muito abandonou a modalidade, e que é beduíno. Houve sinais do atentado ao Filho do Outro (não o do Futebol PA, que é muçulmano), e eles vieram do saudoso Calcinhas, que se inscreveu, mas enviou uma mensagem preocupante na véspera:

- “Alô Peidão, eu afinal não vou, os coxos cortaram-se todos. E desmotivaram o Calcinhas. Não contem comigo, um abraço”!

Desmotivado? Por não trazer a família que só o envergonha: um combatente de Luta Livre Tailandesa (confrontam-se de cuecas e com luvas da loiça), um Abafa Velhos, um mano que só o desensina e um pai desmontável!

5-5 foi o resultado, a equipa do Zé das Cápsulas esteve a perder, à grande e à francesa, como já é hábito. O primeiro golo teve como protagonista o Platini, que caiu para trás quando tentou defender um biqueiro (viu duas bolas, defendeu a de cima, e entrou a oficial por baixo das pernas); o do empate foi marcado pelo Filipa quando, de costas para a baliza adversária, não reparou que a bola lhe batera na cabeça e apanhou de surpresa o Montebranco. A tática mudou, o Peidão e o Espalha, uma defesa com mais de um século, combinaram virá-lo para a frente, para assim por as bolas sempre a bater no teto. Veio o 2-1 e o 3-1, o jogo era a sério, e o Zé das Cápsulas já espumava, tinha gémeos para criar, mas assim era impossível. Mas eis que o Filipa tropeça na bola que está nas suas costas e altera o resultado: 3-2! É a esperança, aparecem os motivadores. E 3-3, de novo de costas para a baliza adversária, após um biqueiro com a perna flácida dado pelo Tio Kiki, sinal de que ereções “jamais”, só já consegue mijar para os pés. A fuga da Betty para os Estates nada tem a ver com o Zé. E desta vez foi o Tio Manel a ter um ataque de caspa, culpando o contabilista pelo empate, trocando a tática:

- Vais para a frente, eu fico aqui a dar o exemplo!

O Peidão assistiu assim, de longe, ao Filipa a marcar mais dois, e à performance do Tio Manel, que prometera qualidade na defesa.

3-5, o Zé das Cápsulas já cantava de galo, agora na baliza. Mas o imprevisto aconteceu, o Tio Al-Berto Cabeludo atirou com Jesus de pantanas na grande área, e todos os da equipa do Tio Fininho pecaram, não validando a falta. Até ao VAR foram. Irritaram a divindade, e esta aproveitou a saída por lesão e 4-5.

A justiça só veio no fim, a igualdade foi reposta pelo Peidão com um soberbo golo, cuja bola foi empurrada pela deslocação de ar da sua barriga, uma ajuda extra dos céus.