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315 estórias

Sunday, November 10, 2024

O Outro

 


O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos
Futebol PA 64

Neste domingo, 10 de novembro do Anno da Graça de Nossa Senhora da Tita dos Pés Sujos, o encontro começou na bancada quando o Sarapito se insurgiu com os amigos:

- Deixem em paz o Outro, ele já não bate bem, telefonou-me a fazer queixa de vocês.

- Um “intrujoutro”, - disse o Bill do outro lado do mundo.

- Há dois? – Perguntou o Tio Fininho coçando a cabeça.

- Outro & Outro, - concluiu o Bill.

- Pena o Fufa não intervir. Era especialista nestes mistérios, - lamentou-se o Espalha.

- Deixem-no acalmar, foi viver para um convento, mas mesmo assim os diabos perseguem-no. Ele deu muito ao Futebol PA.

Mas o mais grave tornou a ser o resultado, 6-3, perdeu a equipa do Fininho, não o Fininho!

O Caim, um dos filhos do Platini, o outro é o Abel, confidenciou, no início do jogo a um adversário, o Zé Miguel, filho do Peidão, responsável pelo “Algoritmo Futebol PA”, que tremia de cada vez que jogava contra o Zé das Cápsulas, o Dr. Sopapo e o pai, não sabendo ainda que iria juntar-se a estes o temível Pingamisú, após se ter descoberto que a equipa do Fininho preparava-se para iniciar a partida com dois a mais, uma técnica usada antigamente pelo saudoso Cinzento. E o Caim tinha razão, o pai substitui-o na função bíblica, e atirou várias vezes o Abel à parede, de cada vez que este ousava marcar golo na baliza defendida pelo Peidão, a recuperar duma mazela do Padel, onde todos ouviram o estoiro que a sua perna esquerda deu, excepto ele , tendo optado por ir ao fisiatra e não ao otorrino, como seria mais lógico.

Quem se estreou a marcar golos, neste caso indireto, foi o Tio Petroni, fazendo jus ao nome (“Epá é muito mau dar essa alcunha a este santo homem” – insurgiu-se o Sarapito. “Tu nem sabes quem é que é esse paçoarcoense”), acertou na cabeça dum colega e enfiou o esférico no fundo das redes do adversário. Afinal, o nickname caia-lhe que nem uma luva, poupou a cabeça dele gastando os neurónios do outro. Era a economia de saúde pura e dura, especialidade do Conde Petroni, cujo maior feito tinha sido vender a casa com a mãe e a mulher lá dentro!

O Sabão, o Al-Berto e o Sabonete mais uma vez perderam, e não marcaram golos. Aliás este último esteve em formato “Outro” o tempo todo, estava tão escorregadio que a bola de cada vez que lhe tocava deslizava, e ele parecia gritar, “Porque é que eu vim para este Jogo?”!

Os 3 golos da equipa do Fininho saíram dos pés mais improváveis, os do Amuadinho 2, que desta vez optou por não pensar,  usando o clássico “biqueiro”, em vez do “rodriguinho”, técnica exclusiva do saudoso Tio Ricardinho, desaparecido lá para os lados do Bairro Alto.

Para legalizar o resultado do jogo, cujo resultado só poderia ser a vitória do Tio Fininho (Lei 1), os vitoriosos entregaram-lhe um colete que, escandalosamente, ele recusou:

- Perdi porque todos os meus colegas estavam ao nível do Peidão!

Mas o dia acabou com mais uma surpresa, a inscrição do Tio Choné e do Sobrinho Bajoulo, não para a bancada, mas sim para o relvado. Era o regresso dos Neves. Para o circo ficar completo só faltava o regresso do hilariante Outro!


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