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315 estórias

Sunday, October 27, 2024

A Meia-Vitória do Fininho

 


O Comandante Guélas
Série Paço de Arcos
Futebol PA 62

A Meia-Vitória do Fininho

A estória desta supertaça tem de ser relatada com piças, perdão, pinças, pois foi ultrapassada uma linha vermelha, o Fininho perdeu! E com ele o Zé das Cápsulas, que levou à reação do Laranjão, lá do Alentejo profundo:

- Vou pedir a guarda e treino dos gémeos, o pai já não dá conta do recado. - Os miúdos estão com medo de ir à escola e que os colegas lhe perguntem, “qual foi o resultado do Futebol PA? O teu pai tornou a ganhar?”!

6 – 3

O Tio Peidão tornou a ser o “Homem do Jogo”, dois golos, sem apelo nem agravo, que incluiu um passe do Tio Tony Mendes, que o apanhou desprevenido, tendo só tempo de dar um fabuloso biqueiro, que deixou o Tio Kiki, guarda-redes, com os colhões colados ao relvado. À tarde as namoradas do Guincho iriam cuspir relva sintética. Esteve também na jogada para dois outros golos, ao arrastar a equipa adversária com ele, após gritar, não “centga cagalho”, mas sim “pinga que eu já estou parado, tenta acertar-me na cabeça, prometo que não me mexo”. E o pavor que ele causou foi tanto que o Tio Al-berto foi visto várias vezes a tentar progredir em profundidade e a fugir em largura quando o via à sua frente.

O Sobrinho Abel trouxe as pantufas brancas do pai, que têm pitons vá-se lá saber porquê, e o amigo Trovão pediu desculpas ao predador Peidão quando foi a um lance de pitons e disse que quase lhe acertava na cabeça, mas as marcas estavam num antebraço. O saudoso Biblot também pensava que cabeceava primeiro na bola quando a disputava com o Dr. Sopapo na grande área. Enfim, perspetivas!

O Sobrinho Guião está a pouco e pouco a progredir em campo, marcou dois soberbos golos, e a evoluir no espírito do Futebol PA, quando a bola lhe bateu no rabo e saiu pela linha de fundo do campo adversário e mesmo assim conseguiu marcar um canto contra eles. A estadia no partido rosa tem lhe dado calo na resolução de situações similares, como por exemplo no Orçamento de Estado, que também marcaram para canto, depois de dizerem que nem lhe tocaram.

O Sobrinho Amuadinho 2 marcou o melhor golo da jornada, tinha sido supermotivado com um argumento infalível pelo Tio Peidão, na fase de aquecimento. Em vez de tentar acertar na Lua como era costume, foi em cheio na muche.

O problema do jogo foi outro, a derrota do Fininho foi humilhante, e nada poderia ser feito para anulá-la. Mas a Lei do Futebol PA, artigo 12, diz, “se na equipa derrotada estiver o Fininho, a causa do resultado não pode ser atribuída a este, por ter nascido campeão. por isso terá direito a meia-vitória como indemnização”. Logo, o humilhante resultado foi unicamente da responsabilidade do Zé das Cápsulas (que foi sempre ameaçando os colegas com a retirada do café das suas casas).

E além de “Homem do Jogo” o Tio Peidão revelou-se um atleta com boa formação moral e económica, abdicou de metade da sua vitória, deu um meio à Fundação Milhas, ligada à saúde mental, e o outro meio para a candidatura do "Motivador Exclusivo do Futebol PA", sempre presente no banco das equipas: "se te sentires em baixo, carrega a tua energia olhando para o Querido Mister"! 


Monday, October 21, 2024

A longa Metragem do Baloteli

 


O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol PA 61

“Deve manter-se internado em estabelecimento manicomial durante tempo indefinido” – Manicómio Bombarda, 1944.

Se o Futebol PA tivesse aparecido nos anos 40 do século passado, bastava um jogo para a maioria dos desportistas serem internados “em estabelecimento manicomial durante tempo indefinido e no Pavilhão 8”. E qual o tipo de tratamento que seria o indicado para recuperar o Pingamisú?

Malarioterapia, infetá-lo com malária?

Insulinoterapia, injetar uma quantidade de insulina para lhe provocar um coma diabético?

Electrochoques, para induzir um ataque epilético?

A primeira opção seria ineficaz, com a carga viral que trouxe de Angola dizimava o mosquitário!

A segunda, o barril de insulina injetado, era anulado pela cevada armazenada nos abdominais.

O terceiro é o mais indicado, não como tratamento, mas sim como treino, como ficou demonstrado no domingo em que foi à baliza, e que defendeu tudo, por se ter enganado a pôr a ficha, não no carro elétrico, mas entre as pernas, enquanto acendia um cigarrito.

Neste domingo o resultado do jogo 11- 6, levantou um problema existencial, que poderá pôr em risco a modalidade “mais lucrativa” (Peidão) de Paço de Arcos, a seguir aos charros do Taka Takata: a equipa do Tio Fininho ganhou, sem precisar da ajuda da Espirro de Punheta, a secretária de 1,20m, dos serviços de justiça do Futebol PA! E agora?

- Os 5 golos sofridos pelo Peidão foram à traição, não contam, Parágrafo Único do Regulamento do Futebol PA, - reclamou o Tio Espalha, que sofreu os restantes 6 golos, mas acusou o Peidão de lhe ter tapado o ângulo morto da visão.

- Só não contam se ele for da minha equipa, alínea A do parágrafo Único, - ripostou o Tio Fininho.

Esperava-se a intervenção do Presidente, o Querido Jogador, cujas fraldas eram da responsabilidade do tio Fininho. Só ele tinha poder de decisão caso a Espirro de Punheta se declarasse “dubitativa”. Graças a Deus o Baloteli filmou o jogo para memória futura, e as imagens confirmam que a qualidade do jogo tem aumentado com a idade, - disse o Presidente antes do veredicto.

No filme não ficou registado o melhor golo do encontro, que foi quando o General Bidon fez um centro à marechal, e acertou no coco do Peidão, que ainda teve tempo de fechar os olhos para minimizar o impacto, e enfiou o esférico no fundo da baliza adversária. Numa das cenas pode-se ouvir, com nitidez, um pedido desesperado do Caveirinha:

- Centga, Cagalho!

Era o prenúncio de que algo já não estava bem para aqueles lados. A prova chegou no dia seguinte em forma de mensagem sigilosa via WhatsApp: “Acho que vou ficar uns tempos sem jogar. Além do joelho, tenho uma tendinite no tendão de Aquiles”!

Após o “Grito do Caveirinha” assistiu-se a uma luta titânica entre um gastrópode e o Tio Sarapito que, no momento em que corta a bola, cai desamparado, sinal de que este jogo se tornou muito violento para a terceira idade:

- Pelo que vi há falta de segurança em campo, - continuou o Presidente, fugindo novamente ao veredicto, após ver o terceiro frango do Espalha.

Mas para o Maninho Ensina o filme do Balotelli fez-lhe melhor que os comprimidos que o pai lhe compra nos chineses. Prometeu voltar ao relvado:

- O medo foi-se depois de ver que a qualidade do jogo melhorou, já não tenho receio dos elogios do meu pai e irmãos!

O Tio Fininho e o Tio Sarapito pareciam estar colados, havia uma parede à frente da baliza, e aguentaram o estatisticamente impossível. Quando confrontado pelo artigo 5º, “estar parado mais de 45 minutos em campo é falta”, o Presidente respondeu:

- “Paredes e Sentados” diz a Lei, e nas imagens só estão parados, nunca estiveram sentados, como esteve o Caveirinha há 4 jogos atrás, e mesmo assim pediu várias vezes a bola, “passa, passa, cagalho”, a um jogador atónito, que ficou baralhado com aquela estranha forma de jogar, exclusiva do Futebol PA.  Após o final do encontro marcou sozinho 6 golos. Daí a continuação da reclamação por parte do Tio Espalha:

- Os 5 golos que o Tio Peidão sofreu foram anulados pelos do Tio Caveirinha, meu muito estimado mano.

 - Para o próximo trago o apito e o bloco de multas, - ameaçou o Amuadinho 2. - Estas leis são ilegais!

Finalmente o veredito chegou:

- A solidariedade é um pilar do Futebol PA. Quem ganhou foi o Zé das Cápsulas, que ainda não tinha ganho nada, para assim conseguir trazer o pai Laranjão de volta ao relvado!


Thursday, October 17, 2024

2 Franguinhos na Mão - "Vendesse" (1)

 


O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

"Dois Franguinhos na Mão"

7ª Temporada (1)

Uma parte do acordo entre o Comandante Guélas e o Conselho da Revolução, que permitiu a independência de Paço de Arcos, mas com a condição de não dizer nada, proibia ofuscar os “Descobrimentos Portugueses”, uma brincadeira, com os “Descobrimentos Paçoarcoenses”, uma epopeia, durante 50 anos. E o tempo já passou!

Tudo começou quando o jovem Caveirinha, candidato a marujo, entrou na Secretaria do Porto de Cascais para registar uma embarcação, cuja terça parte lhe pertencia, sendo os restantes de proprietários indeterminados.

- Nome com que pretende registar o navio? – Perguntou a senhora insinuando-se com a prateleira.

-  “Vende-se”!

- “Vende-se”?? Não autorizado!

- Então, “Aluga-se”!

- “Aluga-se”?? Jovem, está a gozar com a autoridade marítima?

- Gozar com a autoridade dos mares, eu? Nunca, sou de boas famílias e vizinho do Milhas!

O futuro corsário Caveirinha coçou a cabecinha e retorquiu:

- “Vendesse”!

- Ah agora sim, um nome romântico, uma namorada francesa! – Disse a funcionária com um sorriso maroto e de novo com as poitas a jeito.

O Galeão “Vendesse” depressa se tornou uma lenda após o dono do um terço, o Caveirinha, tirar o “Curso de Pirata” no “Côco Verde” dos Castanhos, em Tavira. Foi lançado à água três dias depois do desembarque da “Invencível Armada” (https://pacoarcosverdadeirahistoria.blogs.sapo.pt/3829.html) do Querido líder na Praia Velha, na presença das altas individualidades da vila-Estado de Paço de Arcos, nomeadamente, Sete Solas, Chora na Penca, Lucinda Careca, a nova Procuradora, Pinga Azeite e Coquicha. O padre Cândido abençoou a chata e o Comendador Daniel José Martins de Almeida cantou o Hino Nacional, o “É motorista” (https://youtu.be/yxs1F_05oP4?si=ShGINZ3BxawAegux), acompanhado pela Fanfarra dos Bombeiros Voluntários, onde se destacou, a esgalhar a gaita, o Álhi, um homem da paz. E o primeiro milagre aconteceu! Quando o Galeão foi lançado à água, uma rajada de vento vinda diretamente das cuecas do Graise varreu o areal, lançando o Cinzento ao Tejo, tendo ainda reflexos para agarrar-se a um pano duma barraca, levantar voo, e trazer a reboque o “Vendesse”, inventando uma nova modalidade, o “Fodasse” (atual “Kitesurf”), que permitiu fazer logo naquele dia a primeira descoberta, o Areal do Bugio.

- Está cheio de ninfas, - gritou o agora corsário oficial de Paço de Arcos, o Caveirinha, para a tripulação, os marinheiros da 3ª classe do professor Coelho, Ratinho Blanco e Espalha.

À espera dos heróis não havia índios, porque estavam todos na Terrugem de Cima, mas sim gaivotas com a cara da Tita dos Pés Sujos, a grasnarem por sexo

Neste dia os Castanhos aperceberam-se da oportunidade de negócio, foram buscar o “Côco Verde” a Tavira, instalaram um potente motor de 4 cavalos, e inauguraram a carreira Doca – Bugio – Doca, até um dia ouvirem um peido, não do Velhinho, mas da máquina, tendo sido necessário chamar o reboque do SANAS. Foram recebidos como heróis na Praia Velha, tal como o Gago e o Sacadura no Rio de Janeiro.


Sunday, October 13, 2024

O “Algoritmo Futebol PA”

 


O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol PA 60

- A variável principal deste algoritmo chama-se “Deuses do Futebol PA”, monstros da bola que não podem jogar na mesma equipa, - explicou o Zé Miguel ao pai Peidão, a caminho da Supertaça “O Milhas é do Benfica”.

- “Deuses do Futebol PA”? O Tio Fininho? O Tio Kiki? Eu próprio? O Tio Serapito? O Tio Tony Ramos?

- O Tio Tony Ramos é o ex-Pirlo PA, atualmente é o Pirolito PA, a cabeça está intacta, mas o pé não lhe obedece! Os “Deuses do Futebol PA” são 4, o Sabão, o Picoto, o Zé das Cápsulas e o Dr. Sopapo. Mas as últimas prestações dos dois últimos fizeram-nos descer para a variável inferior, “Toque Pessoal”!

- “Toque Pessoal”? Mas o que é isso?

- A prestação de um jogo tem implicações no seguinte.

- Então o Dr. Sopapo e o Zé das Cápsulas estão no “Toque Pessoal”? Não será mais “velhice”?

- O Zé das Cápsulas ainda não ganhou um jogo nesta temporada!

-  E abaixo deste nível, qual é o outro?

- “Gémeos”!

- “Gémeos”???

Aqui o Tio Peidão preocupou-se, o seu filho Zé Miguel mais parecia o Elon Musk do Futebol PA. Esta informação tinha de ser escondida do Tio Fininho, custasse o que custasse, porque senão ainda lhe mudaria o nickname, e Paço de Arcos estava cheio deles. Arriscava-se a acordar um dia e a dar de caras com um Popov ou seria Bagacinho? Ou Bizóito? Ou Chora na Penca? Ou Cara de Apito? Ou Dr. Protético? Ou Zé Taranta? Não, tinha de proteger o filho!

- Sim, como por exemplo o Filipa e o Abel. Não podem jogar na mesma equipa, são iguais a jogar!

Na altura do Tio Choné e do Presidente as equipas eram escolhidas em função do número de cervejas bebidas na noite anterior, era a única variável presente em grande quantidade em ambos os lados do campo. O Carinha da Avó tinha de abastecer após cada contra-ataque, e por vezes trazia o irmão. Mas falemos do jogo deste domingo. O Zé das Cápsulas tornou a perder, o Platini só conseguiu pegar de empurrão, após deixar o descapotável junto a um contentor, e o homem do jogo foi o Tio Pingamisú, defendeu uma dúzia de golos iminentes, os seus proeminentes abdominais assim o obrigaram, todas as bolas adversárias ameaçaram provocar um parto espontâneo caso acertassem no alvo. À conta disto a sua equipa ganhou o jogo, e ofereceu a vitória ao Tio Fininho, ausente, mesmo depois de se ter inscrito. Quem também faltou foi o Tio Caveirinha, com a desculpa habitual:

- “Bom dia Miguel, hoje não vou jogar. Estou psicologicamente instável”!

Um sintoma transversal a todos!


Thursday, October 10, 2024

Supertaça "Direitos & Moralismos"

 


O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol PA 59

Há um antes e um depois deste jogo. O resultado do algoritmo com as equipas foi apresentado aos jogadores e o Zé das Cápsulas discordou da tecnologia, e mudou tudo. Resultado, levou a sua equipa à derrota por 11 a 3. Só um ponto positivo, o ex-Gui, agora Guião devido à musculatura adiposa, não concretizou as promessas eleitorais que tinha feito ao patrão, o Pedro Nuno Santos, a versão do Ponto de Interrogação, mas sem a marreca. Como não marcou nenhum golo, não terá assento na Assembleia. Em contrapartida, o Sabão, um jovem sem ambições no PS, marcou 5 golos e teve direito a um convite da Alexandra Leitão para um jantar a dois, “lagartos” de fabrico próprio! Pela primeira vez na história do futebol PA, as Torres Gémeas, Rafa e o Biblot Moçambicano (mais 74 cm que o original), trazido pelo Picoto, jogaram na mesma equipa, tendo conseguido anular os golos de balão do Zé das Cápsulas. O pai Laranjão foi assistir ao jogo e saiu desanimado a meio:

- O meu rebento também já está velho!

- Eu gosto mais de destruir jogo, do que de construir, - confidenciou o Caveirinha, na altura em que deu um fabuloso biqueiro, que fez com que a bola sobrevoasse toda a largura do meio-campo.

Quem nunca pensou em destruir1 o desporto rei, mas é só o que agora faz, é o Tio Antenas, que de antenas só resta o nome, pois arrasta-as pelo campo, tendo caido sempre no chão à terceira finta.

Mas vamos a contas. A equipa do Fininho perdeu 11 a 3? Não passa de uma ilusão:

1 – O Picoto excedeu por várias vezes o excesso de velocidade – 3 golos a menos!

8 – 3

2 – O Sabão não conseguiu explicar no final do jogo como é que tinha conseguido marcar tantos golos, ou seja, detetou-se ter jogado com um problema de cablagem, que indicia ter bebido leite ao pequeno-almoço, bebida considerada dopping neste jogo só para alcoólicos conhecidos.

6 – 3

3 – O Guião ousou, contra todas as regras da modalidade, pôr em causa a liberdade individual do Sarapito, quando pediu penalty após este ter agarrado a bola à mão na grande área. “Fascismo nunca mais, agarrar nas bolas sempre”, gritaram os amigos!

4 – 3

Mas mesmo depois de aplicada toda a lei do Futebol PA, a equipa do Fininho continuava a perder. Foi de imediato acionada a excecional “Lei do Excesso de Coxos”, que proíbe uma equipa de ultrapassar a quota de coxos, e isso tinha acontecido na equipa perdedora, que passara agora a vencer.

2 - 3


Sunday, September 29, 2024

Supertaça “2 Franguinhos na Mão"

 

O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol PA 58

O jogo deste domingo, 29 de setembro do Anno da Graça da Lucinda Careca, foi disputado com garra e amizade, mais uma vez ninguém quis perder. No Futebol PA, na fase de aquecimento, sente-se sempre a necessidade de rezar a um santo da modalidade. Mas a qual?

- O atleta mais qualificado de Paço de Arcos para indicar qual o santo certo para a Supertaça em questão, é o Presidente da Congregação de Todos os Alcoólicos, – explicou o Pingamisú, sócio número do clube cultural.

- Acólitos, quer o tio dizer – interveio o sobrinho Al-Berto Cabeludo Augusto, benzendo-se.

- Não, não, é mesmo “alcoólicos”, e o líder espiritual é o tio Vélhinho, que teve a carreira mais fulgurante no Futebol PA, quando tentou dar um chuto na bola durante a fase de aquecimento, e falhou, lesionando-se na cabeça quando a perna embateu na testa.

O genro do Platini veio reiniciar a carreira futebolística, após lesão no joelho, oferecendo-se como guarda-redes, de onde saiu com um dedo torto a apontar para os pés, sinal de que o Futebol PA é um desporto parecido com o ballet. O Amuadinho 2 foi neste dia vítima de bulling dos colegas, que não lhe passavam a bola, mas quando o faziam diziam mal do seu desempenho. Marcou um soberbo golo que foi muito elogiado pelo Tio Padrinho Fininho.

O Pingamisú trouxe um dos rebentos que provou ser seu filho, não no controle de bola, mas na eficácia de remate: 3 pombos e uma gaivota foram ao fundo!

Houve duas situações para penalti, mas só uma foi validada pelo Varfininho, contra todas as probabilidades e leis do jogo favoreceu a equipa adversária. Quando algo acontece numa grande- área, há sempre vários patamares de decisão: 1 - o Fininho diz logo que não aconteceu nada, e o assunto morre; 2 - o Fininho fica mudo, sinal de que o colega cometeu o pecado, e deixa a situação prosseguir; 3 - o Peidão entra em cena e espalha a informação de que o acusado confessou (mesmo que ele diga que não disse nada disso), ou seja, não fez falta caso seja da equipa dele, ou que fez falta caso seja da outra equipa. Ganha a equipa que convencer melhor; 4 - se o penalti for marcado, e o Caveirinha pertencer à equipa beneficiada confessa logo após a marcação que "não foi falta".   A outra envolveu o Balotteli e o Dr. Sopapo, e foi o primeiro logicamente que se lixou, assim dizem as normas, não da Física, mas da modalidade mais antiga da vila de Paço de Arcos, neste caso a “Lei Esferovite “: quando um jogador bate no Dr. Sopapo, quem se lixa é o tocador!

Pela primeira vez houve uma manifestação após o jogo, liderada pelo Sabonete, que se insurgiu contra os “moralismos e direitos” do seu colega de equipa Balotelli que, não tendo marcado algum golo, fez bullying à equipa toda, incluindo o manifestante, que foi mandado várias vezes para a casa do Milhas, sinal de que na ausência do seu pai Tony Ramos, que não apareceu no jogo com medo de acusar doping, tal era a quantidade de sumo de laranja que emborcara na noite anterior, o rapaz excedia-se sempre no uso do crioulo.

A “Moral” no Futebol PA é fluida, muda todos os domingos, e o “Direito” é exclusivo do Comendador Fininho, muda sempre que ele quiser. Por isso aplicou a “Lei Justa”, “quem um penalti tirar é compensado com 2 golos após o jogo terminar”. A sua equipa não perdeu 4-3, mas ganhou 5-4!


Sunday, September 15, 2024

Supertaça “Saudades do Mago Ricardinho”

 


O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol PA 57

O Futebol PA é uma organização maior do que o planeta. No filme “Alien” uma das naves espaciais chamava-se “Narciso”, precisamente o nome de um dos jogadores de outra galáxia, Narciso Sarapitola Figueiredo Baeta, presente este domingo.

“Bom dia hoje ainda não vai dar para jogar. A recuperação está a ser lenta. Tenho esperança de poder regressar brevemente, pois estou a ser acompanhado por uma equipa de profissionais que estão fortemente empenhados no meu regresso. Conto também com o apoio da família que também é determinante neste tipo de situações. Obrigado a todos pelo enorme carinho manifestado” – Caveirinha.

A notícia caiu que nem uma bomba, a segunda ausência seguida do patrão do ataque do Futebol PA deixou todos preocupados.

- Hoje também não jogo, vou procurar o Caveirinha!

- Está descansado tio Fininho, vou-te entregar de bandeja uma vitória assegurada, - prometeu o Sabão, com uma lágrima ao canto do olho.

Soube-se depois que este sobrinho pôs uma vela a mais no bolo da avó, em solidariedade com o desaparecido. Mas as notícias não foram animadoras o Caveirinha não constava nas admissões do Miguel Bombarda nem no Júlio de Matos.

- Vou perguntar na Casa de Saúde do Telhal, tenho lá bons amigos e excelentes contactos. – Assegurou o tio Peidão.

A Supertaça fazia referência a outro atleta de peso, há muito tempo desaparecido, mas que ninguém, por receio, ousava perguntar nos serviços administrativos do Alto de São João. Foi com satisfação e temor que viram aparecer no relvado o Chico Marinheiro, uns dos ardinas mais influentes do Futebol PA, que se apresentou em formato Fábio Cigano versão turca. Teve sempre via verde nos contra-ataques com bola, mas a eficácia mantinha-se na mesma desde os primórdios da modalidade. O sobrinho Filipa conseguiu arrebentar com o jogo, quando aos 90 minutos mais um marcou um golo de lado, com o terço inferior da tíbia esquerda e os olhos fechados. Os companheiros acharam que estava a gozar com o desporto-rei e deram por terminado o encontro. O sobrinho Fricassé esteve na baliza e revelou ser um Frangossé (4 cabritos por debaixo das pernas), mas a ausência do Fininho, um “bullyinista” melitante, manteve-o dentro dos limites psicológicos normais para o Futebol PA. Outro que também usufruiu com a ausência do dito tio, foi o Sabonete, que não sabemos se marcou que se fartou contra todas a expetativas. Descobriu-se depois que estava dopado, abusara na noite anterior do “Chapomy”, e tudo isto no balneário quando se referiu ao famoso tio Al-Berto Cabeludo, como Augusto Cabeludo. O Espalha revelou estar muito preocupado com o mano Caveirinha quando confundiu a camisola com um colete e depositou-a no saco. O resultado do jogo, após o visionamento do “Finovar”, foi favorável à equipa do proprietário do aparelho: os 4 “Frangossé” foram anulados por excesso de aves numa só baliza, e a tíbia do Filipa foi considerada ilegal, por ausência de declaração na ficha de jogo.

- Abriu uma vaga na Casa de Saúde do Telhal, - informou o tio Peidão lendo a mensagem que acabara de receber.

O 7 Solas acabara de regar o colega de quarto com álcool e deitara-lhe fogo, transformando o amigo num torresmo, produto não compatível naquele estabelecimento com 700 clientes.

P.S.: “estou a ser acompanhado por uma equipa de profissionais”

Cinzento, Dic, Fufa, Esferovite e Toquinhos!


Sunday, September 08, 2024

Supertaça "Cão de Água da Torneira"


O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol PA 56

A época de Futebol 2024 / 2025 iniciava-se, neste Dia da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 8 de setembro do Ano Dois Mil e Vinte e Quatro, com uma mensagem perturbadora do Caveirinha: “Hoje não vou jogar. Estou psicologicamente instável. Ou seja, variações e flutuações abruptas nos estados do humor”. O atleta tinha sonhado com o jogo, e na altura de marcar um golo urinara na cama! Com esta ação inconsequente, mais o esquecimento da colocação da fralda noturna, apanhara um vermelho direto, e fora obrigado a pôr o colchão “Ema” a secar à janela. Mas não foi só ele. O Sarapito apresentara-se em campo 45 minutos antes e estava também psicologicamente afetado. E soube-se também que caíra a um poço com dois metros de profundidade, onde dizia ter fraturado o dedo grande do pé com que ainda consegue rematar. Apareceu um novo jogador, o Farinha, que punha fermento nos passes, obrigando os colegas a perseguir bolas impossíveis. O Sabão confidenciou estar em grande forma, marcara 8 golos num jogo de pré-época com anões, no Portugal dos Pequeninos, treinados pelo Rui Barros. O tio Kiki, além de bronzeado, vinha abatido, a Betty Gramofone terminara a relação, tendo o seu harém da Praia do Guincho ficado reduzido à Lili Canecas e à Tareca Salgada. O tio Fininho propôs fazer um upgrade ao Futebol PA, a inclusão de jogadores com origem nas minorias. Mas depressa constataram que isso tinha sido uma constante ao longo da vida desta modalidade paçoarcoense semelhante ao futebol. Começara pelo Capitão Porão, um misto de “pedoleiro”, que atingira o auge da carreira com a geração do Dr. Sopapo, até o Pona o ter arrumado de vez; o Preto, atual Cinzento; o Filipa, ex-Ruben, que mudou de identidade na altura em que os pagamentos passaram a ser feitos pelo MBway; o Esferovite, um jogador com graves déficits cognitivos, que nos momentos mais graves protestava em alemão e o Milhas! Portanto, estavam reunidas as características de um grupo do século XXI: 1 paneleiro, 1 preto, 1 trans, 1 deficiente e 1 palestiniano. As equipas foram as seguintes: Peidão, Fininho, Pingamisú, Zé Miguel, Alberto Cabeludo, Janeca Cabeludo, Zé das Cápsulas e Farinha versus Tony Mendes, tio Kiki, Platini, Sarapito, Biblot 2, Filipa, Sabão e Amaciador. O primeiro golo da época foi marcado pelo Peidão, um jogador em ascensão desde os idos anos 60 do século passado, o Pingamisú mostrou estar em forma, contribuiu fortemente para a vitória da equipa adversária, o tio Fininho foi várias vezes ao tapete, o jovem Amaciador quase amaciou o Zé das Cápsulas e não deu por isso, o Filipa conseguiu pôr a bola no descampado da Rosa Grilo e no fim a consagração, cerimonial obrigatório, o agradecimento ao Padrinho do Futebol PA, o tio do Espalha, o motivador dos atletas, cuja foto foi desta vez erguida pelo Biblot 2!


Wednesday, June 19, 2024

Os Meninos da Luz e o Zarolho


 Camarada Choco

Série Colégio Militar

Os Meninos da Luz sempre deram espaço ao acaso, e quando ele chegava abraçavam-no. A sua relação com o poeta zarolho não era a melhor, “Os Lusíadas” eram demasiado longos, a “divisão de orações” a que eram obrigados a fazer nos decassílabos punha-os de rastos, e quando chegavam ao Canto VIII apercebiam-se que ainda faltavam mais três. Por isso, a maioria da rapaziada tinha sempre a nota de Português por um fio, e nem “Que para o rei judaico acrescentar-se” alguém os salvaria. E a culpa era de um bebedolas quinhentista que insistira em contar a história de Portugal a uma árvore, que ele dizia ser o Rei de Melinde. Por isso o Primo Orelhas passou a ter uma “Gina” aberta dentro do calhamaço, durante as aulas do Ferrari, que nestas alturas assumia um papel de libretista. Mas o escandaloso Canto IX mudava tudo, chegava a frio e sem preliminares, nem o Menau não ousava aplicar-lhe a regra do “Sudoku Mental”, revelando-se fatal para muitos meninos, mexia-lhes na líbido como nunca, era o responsável pela violação de muitas almofadas, que nestes tempos do “politicamente correto” talvez já seja crime, e tudo porque o poeta zarolho estava um rebarbado: “Ilha dos Amores”!

As ninfas corriam “nuas por entre o mato aos olhos dando / o que às mãos cobiçosas vão negando”. O Primo Orelhas (649), digno descendente dum ilustre catedrático da faculdade de letras da Universidade de Coimbra, foi a primeira vítima, desfez-se das suecas malucas e abraçou esta “Gina Lusa”, que em vez de zumbidos soltavam sonoros arfares. Sonhou a noite toda com as ditas, misturou tudo, Ninfas, Suecas, Meninas de Odivelas, Rosa e a Albertina das Mamas Grandes, sua musa do Bairro Alto, acordou com os pavilhões auriculares murchos e com um nível de ereção incognoscível, vítima do seu temperamento medieval. A cena da camponesa que lhe apareceu um dia numa marcha de orientação na Tapada de Mafra, e o convidou para o deboche, ato que foi consumado de imediato numa cama de flores, num processo biodinâmico, que lhe deixou uma tatuagem na alma e que foi confirmado pelos colegas à noite quando viram lírios a sair-lhe das cuecas, e não rosas como a rainha Isabel. O 649 entrou para o campo do misticismo, passou a relatar este encontro imediato com uma Maria como se fosse um milagre, mais um milagre perto de uma azinheira. Mal sabia que o 120 também não pregara olho, tivera a noite toda a tirar ranho à cobra e já tinha um responsável:

- É o Rei de Melide, não pôs um travão ao Zarolho, que já estava maluco e ele contou a nossa história várias vezes.

- Ora, ora, ora, - reclamou o Ferrari, acendendo mais um cigarrito “Definitivo”, e aproximando-se do Horrível, que mal teve tempo para guardar o cacete. – Essa divisão das orações dá cabo das ninfas!

O 125 também era um dos bombeiros que dizia estar sempre a espreitar para os esboços das moças e a apagar-lhes os fogos. Mas o troféu continuava na posse do Dani, conseguira arrebatar a mãe de um rata nas comemorações do 3 de março.

Tuesday, March 12, 2024

O Lâmpada Fundida




Camarada Choco

Série Colégio Militar


Há todo um mundo escondido dentro dos Meninos da Luz que tem de ser decifrado, por isso existem estórias curtas que até parecem intermináveis. O 73 não era da Classe Especial mas tinha queda para o sagrado, uma vez que neste estabelecimento educativo, que  tentou educar futuros reis mas desistiu, e tudo graças ao Agapito, uma espécie de Estratopel, o 289, mas com uma coroa em vez de um penico, os alunos só se “descaminhavam”, e foi numa excursão à capela dos claustros, faminto, que se abarbatou dum saco cheio de “Deus-Homem”, usado no ritual cristão de comer alguém na missa. Juntaram o produto desviado às galinhas do pai da Rosa, e fizeram uns inéditos “ovos mexidos sagrados”. Mas não é destes anjinhos de que iremos falar, mas de outros seres voadores exclusivos da Luz.

-  O Dario é o Einstein da ginástica, consegue transformar merda em matéria, - disse o professor Reis Pinto.

E todos aqueles meninos da classe 1, a elite da Educação Física, disciplina dividida em quatro níveis, cujo quarto estava reservado aos gordos e aos coxos, sabiam que não poderiam chegar atrasados à aula do Lâmpada Fundida.

- Este rapaz merece um 20 a Educação Física, - fora o único elogio que o Cebola recebera, não do Conselho Pedagógico, mas sim no Conselho de Guerra.

O 360 fora o responsável por um fim-de-semana alucinante, que mostrou a capacidade de coletivamente os Meninos da Luz conseguirem o que não era fácil nem provável e, para alguns, conseguirem o impossível, mostrando ao batalhão colegial a força da juventude e da ousadia quando lutavam por um ideal, neste caso um maço de tabaco “Kart” (Camarada Choco & Comandante Guélas: Cebolada).

- Saia da aula, pela porta ou pela janela, - reagiu o Falcão, perante o pedido de explicações do 157, que tinha apanhado a única positiva da turma no teste de matemática, um “suficiente”.

- Vou pela janela, - disse o discente correndo para ela e atirando-se.

Não sabia era que o aluno em questão pertencia à elite da ginástica, um Top Gun dos “Gafanhotos” e por isso agarrou-se à borda do parapeito após sobrevoar a vidraça, tendo provocado o maior cagaço ao docente que, por momentos, endireitou a marreca, que iria ser agredida pelo dicionário do Cão, arremessado pelo 136, o seu melhor amigo, para ver o que acontecera à gazela. As noites do Colégio Militar eram uma espécie de Ibiza da Luz, porque os meninos tinham uma visão abrangente da vida, aplicavam as novas tendências e ideias, descentralizando-se. A importância desta educação selvagem foi um dos pilares em que assentou a intervenção pedagógica dos jovens dos anos 70, com grandes pedagogos dos 10 aos 60 anos. Num dos fins de semana de castigo alguns alunos resolveram ir brincar para o ginásio e montaram uma aldeia dos macacos. Quando estavam em plenos tarzans, com voos em direção aos colchões, eis que entrou o Dario e lhes fez uma proposta:

- Querem resolver o incidente oficialmente ou oficiosamente?

Acordaram receber uma aula extra, tendo o docente aproveitando o circuito já montado, que só terminou quando os meninos já pediam perdão, deixando-os de rastos para o dia seguinte.

E os efeitos da ginástica do Dario perduravam no tempo, que o diga o Girafa que um dia entrou, já homem feito, durante uma visita de ex-alunos, às cambalhotas no Salão Nobre, após abrir as portas de rompante, na altura em que o director dava a seca do costume elogiando as virtudes daquele invulgar espaço educativo.

Foi numa atividade do Dario que o 63 dos anos setenta deu início a um processo traumático que o afastou para sempre dos bocks, mini-trampolins, mesas alemãs e outros instrumentos que tornaram famosos os Gafanhotos, a classe especial do Colégio militar que encantava as Meninas de Odivelas e o resto do país, e ainda hoje lhe causa suores frios de cada vez que tenta dar uma cambalhota, coisa já rara na sua idade. O circuito estava montado, mini-trampolim, bock, cama-elástica, mesa alemã e colchão. O 8 iniciou o esquema, fez tudo em estilo gazela, sendo seguido pelo 63, que saiu com uma trajetória errada, e fez uma aterrizagem forçada na alcatifa, que lhe colocou um braço voltado para trás, impossibilitando-o de tirar ranho à cobra. O Lâmpada Fundida aproximou-se de imediato do ferido e colocou-lhe o membro no lugar.

- Vai à Enfermaria!

Cruzou-se com o Tadeu que reforçou a esperança:

- Esfrega com água fria que isso passa.

O Valentim aplicou-lhe a fórmula do costume, um copo de água com sais de fruto.

- Deixa fazer efeito e depois podes ir à tua vida.

Mas as dores aumentaram e a solução foi levá-lo ao Hospital Militar, onde acabou por ser sujeito a uma cirurgia para colocação da lasca do osso no lugar. O 63 teve de esperar dois meses até poder esgalhar de novo o frango, que entortara devido à inabilidade do uso do braço são!