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315 estórias

Monday, January 20, 2025

A Queda de um Anjo

                                            


O Comandante Guélas

Série Paço de Arcos

Futebol PA 72

É necessário pôr os pontos nos “is” antes desta estória ter início. No Futebol PA o conceito de “anjo” pode ter duas interpretações: Alvo do Capitão Porão ou Desportista de Eleição. Até à geração do Dr. Sopapo, um dos anjos preferidos do militar, todo o cuidado era pouco.

- És melhor que a Bo Derek, - disse um dia ao Tio Espalha, na altura um adolescente com cabelo de caniche!

Até que chegou o Tio Pona, na altura Sobrinho, e partiu-lhe definitivamente a bilha num jogo nos Maristas nos anos noventa do século passado, arrumando com o militar de abril. Nunca mais se ouviu o grito do Caveirinha de cada vez que a bola batia no bumbum do capitão:

- Ouviram o eco?

Ou

- Em cheio na cona!

A partir daqui “Anjo” passou definitivamente a ser “o Ronaldo do Futebol PA” e este foi direitinho para o atual Tio Zé das Cápsulas”, batizado na altura como “Brinca na Areia”. Esta estória fala da “queda do Anjo”, das derrotas sucessivas das equipas onde ele joga, que se tornaram numa epidemia.

- “Hoje fui responsável por ½ golo sofrido, os nossos avançados por 14 meios golos não marcados, agora ponham isso numa balança de pratos, calibrada pelo Coentrão” – explicou o Tio Pingamisú, um jogador que desenvolve do avesso, ao “Correio Futebol PA”, um jornal dirigido pelo empresário paço-peruano Pierre Pomme-de-Terre, com carreira breve no Paço de Arcos Futebol Clube, onde se apropriou das quotas dos associados, e que tem a cara em todas as esquadras do mundo. Sabemos que já se apropriou indevidamente de um subsídio dos índios.

O Zé das Cápsulas voa agora muito baixo, por isso debitou “karálho, karálho” o jogo todo. Acabou por sair intempestivamente antes do final, não porque tivesse começado a chover (as probabilidades eram de 99%), mas devido ao “1/2 golo sofrido” do Pingamisú, que já era o vigésimo. A equipa do Peidão tornou a ganhar, e o filho do Laranjão sofreu os dois primeiros golos, como já é tradição. O homem do jogo foi o Amaciador, defendeu um penálti marcado pelo Picoto, atirando-se para a direita e defendendo á esquerda com a unha grande do pé de baixo. Até o Sarapito o beijou! Foi imediatamente alterado o seu nick name, para Turbina. Mas houve mais surpresas. O desconcertante Amuadinho 2 marcou finalmente um golo, prova definitiva do fim da “Maldição do Peidão”. O penalti foi da responsabilidade do dr. Sopapo, que arrancou, distraidamente, o olho esquerdo do Picoto, mas devolveu-o de imediato. A ausência do Fininho, o “Juíz do Jogo”, fez-se notar neste caso, pois nas regras não consta a sanção para quem arranca uma parte do adversário. Mas graças a Deus não lhe arrancou a penugem, porque levantaria uma questão existencial:

- Já Picoto não sou!

O Futebol PA é como o Universo, está em expansão, o admirável Zé das Cápsulas está lentamente a transformar-se no Outro, no que diz respeito à relação com as suas equipas.


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