O Comandante Guélas
Série Paço de Arcos
Futebol PA 72
É necessário pôr os pontos nos “is”
antes desta estória ter início. No Futebol PA o conceito de “anjo” pode ter
duas interpretações: Alvo do Capitão Porão ou Desportista de Eleição. Até à
geração do Dr. Sopapo, um dos anjos preferidos do militar, todo o cuidado era
pouco.
- És melhor que a Bo Derek, - disse
um dia ao Tio Espalha, na altura um adolescente com cabelo de caniche!
Até que chegou o Tio Pona, na altura
Sobrinho, e partiu-lhe definitivamente a bilha num jogo nos Maristas nos anos
noventa do século passado, arrumando com o militar de abril. Nunca mais se
ouviu o grito do Caveirinha de cada vez que a bola batia no bumbum do capitão:
- Ouviram o eco?
Ou
- Em cheio na cona!
A partir daqui “Anjo” passou
definitivamente a ser “o Ronaldo do Futebol PA” e este foi direitinho para o
atual Tio Zé das Cápsulas”, batizado na altura como “Brinca na Areia”. Esta
estória fala da “queda do Anjo”, das derrotas sucessivas das equipas onde ele
joga, que se tornaram numa epidemia.
- “Hoje fui responsável por ½ golo
sofrido, os nossos avançados por 14 meios golos não marcados, agora ponham isso
numa balança de pratos, calibrada pelo Coentrão” – explicou o Tio Pingamisú, um
jogador que desenvolve do avesso, ao “Correio Futebol PA”, um jornal dirigido
pelo empresário paço-peruano Pierre Pomme-de-Terre, com carreira breve no Paço
de Arcos Futebol Clube, onde se apropriou das quotas dos associados, e que tem
a cara em todas as esquadras do mundo. Sabemos que já se apropriou
indevidamente de um subsídio dos índios.
O Zé das Cápsulas voa agora muito
baixo, por isso debitou “karálho, karálho” o jogo todo. Acabou por sair
intempestivamente antes do final, não porque tivesse começado a chover (as
probabilidades eram de 99%), mas devido ao “1/2 golo sofrido” do Pingamisú, que
já era o vigésimo. A equipa do Peidão tornou a ganhar, e o filho do Laranjão
sofreu os dois primeiros golos, como já é tradição. O homem do jogo foi o
Amaciador, defendeu um penálti marcado pelo Picoto, atirando-se para a direita
e defendendo á esquerda com a unha grande do pé de baixo. Até o Sarapito o
beijou! Foi imediatamente alterado o seu nick name, para Turbina. Mas houve
mais surpresas. O desconcertante Amuadinho 2 marcou finalmente um golo, prova
definitiva do fim da “Maldição do Peidão”. O penalti foi da responsabilidade do
dr. Sopapo, que arrancou, distraidamente, o olho esquerdo do Picoto, mas
devolveu-o de imediato. A ausência do Fininho, o “Juíz do Jogo”, fez-se notar
neste caso, pois nas regras não consta a sanção para quem arranca uma parte do
adversário. Mas graças a Deus não lhe arrancou a penugem, porque levantaria uma
questão existencial:
- Já Picoto não sou!
O Futebol PA é como o Universo, está
em expansão, o admirável Zé das Cápsulas está lentamente a transformar-se no
Outro, no que diz respeito à relação com as suas equipas.
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