Aventura 48
A Beta do Samecas estava à beira do suicídio, o pau com que ele passara em direcção à casa de banho não tinha tido a influência das suas carícias. Havia monga no terreno e ela jurava fazer justiça com as próprias mãos, com a que funcionava e com a que estava gripada desde o nascimento. O Samecas estava em “estado de unicórnio” permanente, com o chifre a meio do corpo, e a cara dava a impressão de estar perigosamente perto da sensação de não ser aquele que acreditara ser. E tudo isto causado pela nova estagiária que resolvera sentar-se ao seu colo, contra todos os princípios que faziam dela uma aparafusada, dando-lhe de enfiada um ósculo violento no pescoço, arriscando-se a engolir um dos seus maiores quisto, o conhecido “Pêssego da Brandoa”. Estaria ela a usar novos métodos pedagógicos de reabilitação de desaparafusados ou seria ela própria uma estagiária monga, descoberta exclusiva da Doutora Sem Canudo, única directora com queda para este tipo de fenómenos do Entroncamento? Quando tentaram contactar com a responsável estava com um problema agudo entre as mãos: a Afilhada, agora com o nome próprio de Fidélia, recusava-se a trazer uma das carrinhas da colónia, alegando não ser a sua e ameaçando vir de burro. E nesse preciso momento a Bélinha, a irmã do Choco, estava congelada, em estado de Santinha, sinal de que a tradição epiléptica da família se mantinha. O brasão do Conde Chocalheiro, ilustre monga do século XVII, continuava a dirigir os destinos daquela ilustre família. À tarde a mães do Samecas reclamou as dentadas que o filho levava no lombo. Foi informada de que a responsável era a Belucha, a sua eterna noiva, agora possessa de ciúmes, pois o “Pêssego da Brandoa” estava-lhe destinado há muito, prometido para a Noite de Núpcias, e não seria agora uma estrangeira, e ainda por cima Aparafusada, que lhe iria roubar o seu “fillet mignon”. Por isso tinha decidido marcá-lo, da mesma maneira que ao gado, para acabar de vez com a concorrência.
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